Os pedreiros levantam-se às 6
Estava a acabar de colocar o pacote do vinho na minha lancheira quando ouvi alguém dizer que o Rui Vitória tinha dito qualquer coisa sobre determinado assunto. Eram 6 da manhã. Havia já uma fila de estucadores e pintores ucranianos (todos eles foram médicos e engenheiros no seu país) que esperavam pela sua vez para entrar na casa de banho, e eu tinha de chegar à obra antes das 7. Os outros pedreiros já estavam dentro da carrinha do sub-empreiteiro à minha espera. É uma boa carrinha de 9 lugares onde cabem facilmente 14 pessoas. Não sejamos mal agradecidos. Há meses que o condutor diz isto. Sentei-me como Deus deixou no meio daquela multidão. Meti a lancheira entre as pernas, e comecei a sentir-me ligeiramente queimado com o calor da dobrada do almoço. Aguentei-me: trolha que é trolha, aguenta tudo. Acho que disse isto em voz alta, porque um dos outros gajos grunhiu qualquer coisa como «não se responde quando os rivais estão no chão». Abanei a cabeça, e devo ter dito que sim.