Os nossos avançados vistos à lupa
Texto de Luís Barros
Creio que Rúben Amorim ainda não definiu em rigor qual o sistema a utilizar na frente de ataque. Com a entrada de dois alas virtuosos e com qualidade em centrar, não entendo então a rejeição em optar por atacantes com capacidade de jogo de cabeça. Realmente, se a opção for unicamente jogar em passes curtos e com a bola junto à relva então não necessitamos de todo de mais ninguém, mesmo que a míngua de golos continue, como tem acontecido até agora.
Na minha opinião, os atacantes que estão neste momento no plantel mostram muitas dificuldades em furar defesas altas e que joguem de forma compacta.
Senão vejamos:
- Tiago Tomás, jogador de qualidade mas ainda em crescimento, como ele próprio disse, consegue fazer os três lugares da frente, embora eu também veja nele um segunto ponta-de-lança, adaptável a um sistema 3x5x2. Franzino, tem alguma dificuldade no choque com defesas mais altos e robustos.
- Sporar, jogador com fraco jogo aéreo e pouca mobilidade e rapidez, facilmente anulado por uma dupla de centrais. As suas características adaptam-se mais a um sistema clássico de 4x4x2, jogando em demarcação no limite do fora-de-jogo.
- Luiz Phellype é neste momento uma incógnita. Fisicamente o mais robusto da linha de ataque, mostra algumas deficiências técnicas e limitação na mobilidade. Embora sendo um jogador de área, a sua capacidade de finalização é limitada, nomeadamente no jogo de cabeça.
- Vietto é um jogador sem características goleadoras, mostrando mais capacidade de distribuidor de jogo muito ao estilo de um "10". Fisicamente pouco dotado, é demasiado caro para aquilo que produz em campo. Para o seu lugar temos jogadores de características semelhantes, mais jovens e, principalmente, mais baratos, como Bragança ou Pote.
- Jovane Cabral é um jogador com características mais adaptadas a extremo. Mais um jogador sem jogo aéreo, inconstante nas suas exibições e que por diversas demonstra problemas físicos.
- Pedro Marques, um pouco à margem dos restantes, é um jogador com características do Tiago Tomás, jogando à frente nas várias posições mas com limitações no jogo aéreo.
Hoje as equipas devem estar preparadas para se adaptarem a vários sistemas. Embora Amorim seja adepto do 3x4x3, muito ao estilo holandês, não deve ficar refém só desse sistema, porque, e principalmente nas competições nacionais, 90% das equipas jogam de forma compacta e à defesa.
Com a saída de Bas Dost e Bruno Fernandes, perdemos uma capacidade única de jogo aéreo e de jogo exterior. Sempre tomando em conta as contingências financeiras, é fundamental dotar a equipa com um jogador que consiga aglutinar essas duas mais-valias, o que é, digamos extremamente difícil.
Daí surge uma das minhas escolhas, João Klauss, jogador possante ao estilo de Slimani, de remate fácil com ambos os pés mas tecnicamente evoluído e com bom jogo de cabeça, aliado a grande mobilidade na frente de ataque. Este é o tipo de jogador que, julgo, encaixaria bem no sistema de Amorim, fosse um 3x4x3, um 3x5x2 ou um 5x3x2.
Texto do leitor Luís Barros, publicado originalmente aqui.