Os melhores golos do Sporting (5)
Golo de MÁRIO
FC Porto-Sporting (meia-final da Taça de Portugal)
10 de Maio de 1987, Estádio das Antas
Certamente admirarei todos aqueles que os colegas do blog escolherão e aposto que outros ficarão sem registo, sendo tão bons ou melhores que os que aqui apresentamos.
O que escolho tem a ver com a envolvência.
Um amigo a quem chamo de irmão (e que retribui), que é ainda um bocadinho mais doente pelo Sporting do que eu, desafiou: "Vamos ver o jogo ao Porto?"
"E os bilhetes?" perguntei. Agora compram-se bilhetes na hora, em 1987 era um pouco mais complicado...
"Sem problema, tenho um amigo do Porto que compra os bilhetes."
Lá fomos, dois casais e o meu sogro, um belo Leão.
A primeira surpresa: os bilhetes eram para o chamado "tribunal das Antas", ali mesmo no meio dos sócios dos tripeiros. Nem o polvo no lampião Aleixo, ao almoço, soube ao que devia...
Recordo a recepção ao autocarro do Sporting, uma loucura. Por curiosidade, o GR suplente (que veio depois a ser titular após o fim da carreira do grande Damas) nessa época era Vital, amigo de infância, colega de escola e patrício nabantino. Trocámos um efusivo cumprimento.
E lá fomos para o meio da tripeirada. Incógnitos e ainda bem, que as ameaças eram tudo menos que veladas, entre um ou outro relato duns "gamanços" de carteiras, por parte dos próprios contadores da estória.
A forma como foi recebido o Sporting em campo foi, digamos, molhada... com líquido orgânico acondicionado em sacos de plástico (sempre que me ocorre esta situação, vem logo a do Nuno Luz no estágio da selecção), atirado com precisão em direcção aos nossos. Nas bancadas houve "porrada de criar bicho" e aí demos graças ao amigo tripeiro pela escolha do local. Aqui limitámo-nos a não abrir a boca, mas pelo menos passámos um jogo tranquilo. Tão tranquilo, que aquando do golo nem nos atrevemos a comemorar! Imaginem os gajos todos a espumar, nós com uma vontade enorme de saltar e comemorar e o que me saiu da boca foi um "acho que estava fora-de jogo" para o meu amigo, ao que ele respondeu "estavam completamente fora" e sorrimos os três, que o sogro fez tal mimetismo que se diria um verdadeiro afuradense.
Agora imaginem três tipos a sair da bancada central das Antas, com uma vitória no bolso e a nem sequer lhes passar pela cabeça extravasar os sentimentos. Posso-vos dizer, meus amigos, que o cachecol e a bandeira do Sporting só viram a luz do dia quando atravessávamos a Arrábida!
O jantarinho de comemoração foi no primeiro restaurante de rodízio que por cá apareceu, ali por volta de Mealhada, ou coisa que o valha.
O golo, não pela espectacularidade, repito (apesar de ter sido um golaço), mas pela envolvência, foi este: