Os melhores golos do Sporting (11)
Golo de NICULAE
Sporting - Porto
12 de Agosto de 2001, Estádio de Alvalade
No ano da graça de 2001, quis o defeso ser igual a tantos outros que lhe precederam. Sporting tenta adquirir determinado jogador, com pinta de craque, mas desacordo de verbas entre clubes está a dificultar a contratação.
Às 2ªs, 4ªs e 6ªas os jornais desportivos contam-nos que o jogador está cada vez mais perto de assinar. Às 3ªs, 5ªas e sábados, as manchetes anunciam que exigências de última hora estão a comprometer a operação.
Pelo meio, entre o sobressalto dos jornais e o nervosismo crescente do adepto leonino, fala o novo técnico. No seu modo plácido, afiança que é muito importante contratar esse jogador, no qual deposita grandes expectativas, estando convencido que será jogador do Sporting. Muito do Sporting naquela temporada irá passar por ele, conclui.
Marius Niculae, assim se chamava o alvo principal do Sporting naquele Verão de 2001. Goleador com créditos firmados na Roménia, custou uma pipa de massa aos cofres leoninos, mas Boloni, o treinador, dizia que ele era realmente muito bom. A história veio a dar-lhe razão.
Quis o sorteio para o campeonato da temporada 2001/2002, marcar, logo a abrir na primeira jornada, um Sporting x Porto.
Agosto, uma tarde quente, Alvalade praticamente a rebentar pelas costuras. O Sporting, vindo da desilusão de um campeonato transacto em que partiu como o principal favorito, perdendo o título para o…Boavista, apresentava-se com uma nova equipa, na qual ainda pontificavam alguns campeões de 99/00, e jovens esperanças da academia leonina começavam a ser lançadas às feras. Na frente de ataque, a tal contratação muito cara.
Apesar da distância do tempo, recordo-me que foi um jogo muito disputado, em que o Sporting procurou a vitória mais do que o adversário. Como muitas vezes acontece ao Sporting, apesar do maior caudal ofensivo, a bola teimava e teimava em não entrar na baliza adversária. O marcador tardava, para desespero, em desatar do 0-0.
Até que um cruzamento magistral do grande artista João Vieira Pinto, após desmarcação, brilhante, do seu marcador, leva a bola directamente à cabeça de Niculae que, com grande técnica, coloca-a no poste mais afastado de Ovchinnikov. Golo! É golo do Sporting! Alvalade explode!
Poderia ter sido um bom golo, igual a tantos outros bons golos marcados em Alvalade, mas aquilo que, muitas vezes, faz um golo ficar na retina, passados mais de 10 anos, não é apenas a espectacularidade da bola a furar as redes, mas também o sentimento com que o golo é festejado. E, meus amigos, Niculae era um jogador com muito sentimento.
O modo como festejou o golo, correndo em direcção à Juve Leo, levantando alto o manto sagrado, ficou-me na memória. Niculae, naquele momento, foi cada um de nós em campo a festejar um golo merecidíssimo! Acho que se fosse um dia jogador do Sporting seria assim que festejaria os meus golos.
Escusado será dizer que, depois disso, o número 7 leonino tornou-se, de imediato, na nova coqueluche de Alvalade, sendo, até hoje, um dos jogadores mais acarinhados pelos sportinguistas. Quem não se lembra do cântico devotado a Marius Niculae?
Estava escrito nas estrelas que aquele golo de Niculae, marcado ao Porto, seria o pontapé de saída de uma campanha no campeonato memorável. O leão, nessa época, rugiu mais forte do que toda a concorrência, conquistando o triplete (liga, taça e supertaça).
Pelo simbolismo do golo, e pelo sportinguismo que representou, para mim, aquele festejo, considero-o como um dos melhores golos do Sporting que vi até hoje.