Os jogadores de Varandas (9)
ROSIER
Desde a saída de Cédric Soares para Inglaterra, 13 meses antes de se sagrar campeão europeu de futebol ao serviço da selecção nacional, a posição de lateral direito tem sido uma espécie de calcanhar de Aquiles no Sporting. Com muitos titulares, a girarem ali como carrossel, mas nenhum deles indiscutível. O que mais se aproximou disso foi Piccini, na temporada 2017/2018. Despachado este, foi-se evidenciando a espaços Ristovski, enquanto Bruno Gaspar se revelava mais uma contratação falhada.
Chegou então Valentin Rosier, de 22 anos. Vinha do Dijon e não foi nada barato: custou 5,3 milhões de euros mais a cedência do passe do extremo luso-guineense Mama Baldé, formado na Academia leonina. Valeria a pena tamanho esforço financeiro e a cedência de um miúdo com potencial, que na época seguinte viria a cumprir 24 jogos e a marcar seis golos na Ligue 1?
«Estou muito orgulhoso em representar o Sporting Clube de Portugal, estas cores e todos os seus adeptos. Farei o máximo para trazer todos os títulos possíveis», declarou o lateral francês recorrendo às habituais palavras pré-formatadas quando assinou um contrato válido por cinco temporadas, a 27 de Junho de 2019.
Vinha com peso a mais e preso de movimentos: uma lesão logo o forçou a manter-se fora das quatro linhas. Nada de novo, no currículo dele: passara 465 dias lesionado nas três épocas anteriores. Na temporada 2018/2019 apenas jogara dez minutos em Fevereiro. Ao contrário do que sucedera com Boateng, Lucas Silva e Sturaro, todos rejeitados, o clube liderado pelo nosso ex-director clínico revelou-se desta vez bem mais tolerante.
Rosier calçou dois meses depois, no final de Agosto, e ao serviço da equipa sub-23, na Liga Revelação. Ristovski tomara posse do lugar, embora sem nunca convencer por completo. Só em Setembro o francês seria chamado à equipa principal, sempre com carácter intermitente, cedendo espaço ao macedónio. Sem nunca se firmar como titular da posição: até ao momento, cumpriu apenas nove jogos no campeonato, correspondentes a 714 minutos de actuação no relvado.
O próprio jogador reconhece ter falhado nesta época que parece interminável. «A temporada está a ser complicada para mim», admitiu a 9 de Maio numa conta de Instragram ligada ao seu antigo clube. Bem pode dizê-lo. E a culpa, neste caso, não é da pandemia.
Tem-lhe faltado condição física. Falta-lhe também ousadia ofensiva e capacidade para arriscar o centro lá à frente, a partir da linha. Num campeonato tão assimétrico como o português, compensa pouco ter um lateral com características tão posicionais e de reduzida mobilidade como Rosier. O preço que custou exige muito mais que isso.
Nota: 4