Os jogadores de Varandas (7)
RAFAEL CAMACHO
Desafiou uma maldição com mais de um quarto de século em Alvalade, aceitando jogar com o n.º 7 estampado nas costas. Um algarismo que pouca ou nenhuma sorte deu a anteriores titulares. Basta recordar, por exemplo, Pongolle, Vukcevic, Izmailov, Bojinov, Jeffrén, Magrão, Shikabala, Alan Ruiz, Campbell ou Rúben Ribeiro.
Rafael Camacho chegou no Verão passado, vindo do Liverpool, onde chegou a actuar no plantel principal e recebeu palavras elogiosas do treinador Jürgen Klopp. Para este jovem que anteontem festejou o 20.º aniversário, tratava-se de um regresso às origens: natural de Lisboa, nasceu para o futebol na Academia de Alcochete. E gosta até de recordar que se estreou no Sporting como apanha-bolas. Rumou na adolescência ao Reino Unido acompanhando os pais, emigrantes. Em três épocas, cumpriu 70 jogos na equipa sub-23 do Liverpool, marcando 25 golos.
Este regresso munido de um contrato por cinco épocas, anunciado a 27 de Junho, custou 5,6 milhões de euros aos cofres leoninos e resultou de uma "aposta pessoal" de Frederico Varandas, conforme garantiu à época a imprensa mais conotada com a liderança leonina. Marcel Keizer não parece ter ficado muito impressionado, remetendo o jovem reforço para a equipa sub-23. Depois Rafael sofreu uma lesão prolongada, mantendo-se fora dos relvados.
Foi só com Silas que calçou enfim, mostrando os seus dotes como ala direito. Com notável exibição no Portimonense-Sporting que a 21 de Dezembro permitiu ao Sporting, contra todos os prognósticos, rumar à meia-final da Taça da Liga. Foi dele o segundo golo, operando a reviravolta quando tínhamos um jogador a menos e havíamos encaixado duas bolas na meia-hora inicial. Um golo extraordinário, que vale a pena ver e rever. O Jogo destacou-o como melhor em campo. E com razão, pois Camacho evidenciou-se não apenas no plano ofensivo mas na cobertura defensiva. Revelando capacidade de desequilíbrio e bom domínio da bola. Não foi por acaso que chegou a treinar com Firmino, Mané e Salah...
No final de 2019, elegi-o aqui como promessa do ano. Espero não me enganar: seria um inequívoco sinal de que a maldição estava quebrada. Compete-lhe agora demonstrar aos adeptos que consegue muito mais que isso.
Nota: 6