Os homens ilustrados
Comi alguma coisa estragada ao jantar e tive um pesadelo horrível: que no Mundial de 2054, disputado na Gronelândia (era em Junho, os dias nunca mais acabavam e fazia muito calor), os jogadores equipavam apenas de calções e as selecções distinguiam-se umas das outras pelas tatuagens que os jogadores usavam no tronco (os brasileiros com uns tucanos e uns sabiás sobre fundo amarelo, os do Emirado da Síria e do Levante todos pintados de negro, só com uns dizeres do Profeta a enfeitar, etc.); os árbitros, por seu lado, distinguiam-se dos jogadores por serem autorizados a usar cabelo, e usavam todos o mesmo corte, dito à Meireles (em homenagem a um jogador português do princípio do século); e Portugal lixou-se, mais uma vez, por acumulação de cartões (que no novo código FIFA eram amarelos por pensamentos impuros, cor-de-laranja por dentadas e vermelhos por blasfémias & insultos politicamente incorrectos): o detector telepático apanhou um dos nossos defesas carecas a dar uma cabeçada virtual num avançado da Prússia e a partir daí foi o descalabro.