Os "engripados" e o inimputável
Os "engripados" do Sado tiveram força e energia suficientes para forjarem uma falta inexistente contra Coates (encenação premiada com cartão amarelo para o nosso central, cortesia do árbitro Tiago Martins) que deixa o uruguaio fora do clássico de Alvalade e para darem sarrafada no Vietto, provocando-lhe uma lesão que vai demorar semanas a sarar.
Esta pantufada, aos 61', não foi sancionada com cartão: seria o segundo, mais que merecido, mas o dono do apito decidiu manter em campo o "engripado" Pirri - assim se chama o fulano que causou uma luxação na articulação tíbio-peroneal de Vitto (forçado a sair de Setúbal em muletas). Esse que já tinha sido amarelado aos 32', por derrubar Bruno Fernandes dentro da grande área sadina. O nosso capitão, aliás, chegou ao fim do jogo a coxear - também ele vítima da robustez física dos "engripados".
Espero que Bruno ainda possa defrontar o Benfica depois de amanhã e que o Acuña recupere da mialgia que o afastou do Bonfim. Caso contrário actuaríamos sem quatro pedras nucleares deste depauperado Sporting 2019-2020.
Isto enquanto um tal Rúben Dias voltou a exibir a sua inimputabilidade nos relvados portugueses, ao ser-lhe perdoado um segundo amarelo, no desafio dos quartos-de-final da Taça de Portugal, por falta ostensiva contra um jogador do Rio Ave. Cortesia, desta vez, do senhor Soares Dias, que alguns - vá lá saber-se porquê - proclamam como "melhor árbitro português".
O que escrevem hoje os especiaistas em arbitragem sobre o caso?
Jorge Coroado: «Rúben Dias empurrou Taremi. Lance antidesportivo, cortando jogada prometedora. Livre por assinalar e amarelo por exibir.»
José Leirós: «Erro duplo. Era livre directo que não assinalou e devia ter exibido o amarelo pois [Rúben Dias] empurrou deliberadamente e cortou jogada de ataque.»
Fortunato Azevedo: «Rúben Dias empurra o adversário, atirando-o para fora do terreno. Clara conduta antidesportiva que devia ter sido punida.»
Duarte Gomes: «Rúben Dias empurra ostensivamente Taremi quando este se preparava para o contra-ataque. Segundo cartão amarelo por mostrar ao central do Benfica.»
Quando até Duarte Gomes reconhece que o tal defesa encarnado devia ter ido tomar duche mais cedo, meia hora antes do fim do jogo, percebe-se até que ponto o SLB continua a beneficiar do colinho em caso de necessidade.
São coisas como estas que vão transformando o futebol português numa anedota internacional.
Adenda: O treinador Carvalhal, que ainda há três semanas protagonizara uma cena de histeria, anunciando a intenção (não concretizada) de abandonar o Rio Ave em protesto contra a péssima arbitragem lusa, desta vez nem reparou no lance. Razão tinha o outro: isto anda tudo ligado.