Os dizeres do tuga
Detesto a expressão "tuga". E lembro-me da minha irritação quando um qualquer pateta atribuiu o cognome de "tugas" a uma das selecções nacionais que foi a uma fase final, já não recordo qual, de Europeu ou Mundial. O termo é usado sempre de forma pejorativa, por vezes com alguma bonomia simpática, quantas vezes com acinte. Mas que fique explícito, "ele" há tugas, infelizmente a adubarem a desagradável generalização. São eles aqueles nossos patrícios que cruzando Tanger na rota do sul logo se arvoram de uma qualquer superioridade, injustificada, sublinhada pela malandrice que julgam justificar como "desenrascanço". "Abaixo do equador se fica doutor", é o lema que os comanda, e logo o assumem quando se julgam mais próximos da tal linha imaginária.
Lembro-me disso, agora mesmo, com o postal do Pedro Correia sobre o Diamantino como capacho da presidência benfiquista, em elogios mariolas expressos sob formato de entrevista, qual jornalista isento. Há anos ele treinou o Costa do Sol (de Maputo), antiga filial do Benfica e que com este clube mantém relações de proximidade - as quais, com toda a certeza, originaram a sua contratação. Lá acabou ele por expressar que no país são "todos ladrões". O governo considerou as declarações um "assunto de Estado" e ordenou a sua expulsão de Moçambique , por evidente desrespeito pelas instituições contratadoras e pela sociedade de acolhimento. Por "tuguismo", como por lá tanta vez se diz. É este Diamantino, tão célere na crítica ao alheio externo, que agora aqui se presta ao sabujo papel de falso entrevistador, tecendo loas ao seu patrono. Se foi uma vergonha para nós, residentes em Moçambique, pois estas coisas sempre servem para as tais generalizações "vocês, tugas...", continua a vergonha para nós, todos, a vermos a comunicação social permitir/contratar estes locutores de aleivosias. Estes "dizeres do tuga". Cá dentro, lá fora.