Os destaques: Bruno, Wendel, Mathieu
Foi uma tarde-noite (madrugada em Portugal) de estreias. Primeiro embate alguma vez ocorrido entre o Sporting e o Liverpool, primeira exibição da nossa equipa no mítico Yankee Stadium, em Nova Iorque. Primeira exibição realmente convincente da pré-temporada, traduzida no resultado: 2-2.
Talvez não por acaso, também a primeira vez em que Marcel Keizer dispôs a equipa em 4-4-2, durante o primeiro tempo. Com Bruno Fernandes encostado à ala esquerda, Raphinha mantendo-se como extremo-direito e Vietto enfim deslocado para o corredor central, atrás do ponta-de-lança, desta vez Luiz Phellype.
O Sporting dificilmente poderia ter começado melhor num estádio com dimensões estranhas para os nossos padrões, com as linhas do relvado mais estreitas do que estamos habituados, e perante umas bancadas muito bem compostas de público, incluindo alguns milhares de sportinguistas, bem visíveis com adereços do nosso clube.
Aos 5' vencíamos, com golo do inevitável Bruno Fernandes: disparo forte de meia distância, com a bola a tomar efeito e o guarda-redes adversário a colaborar com um frango (que mais pareceu peru) de Mignolet, substituto de Alisson, guardião titular da selecção brasileira recém-vencedora da Copa América. O Liverpool apresentou-se neste desafio ainda desfalcado de Salah, Mané e Firmino. Mas também o Sporting entrou em campo sem quatro titulares: Acuña e Ristovski (que não calçaram), Coates e Bas Dost (que só surgiriam no segundo tempo). E o onze inglês actuou com figuras de respeito: Alexander-Arnold, Matip, Fabinho, Henderson, Wijnaldum, Milner e Origi. Além de Van Dijk, considerado o melhor central do mundo e proto-candidato à Bola de Ouro 2019.
Foi sem temor perante os campeões europeus em título que o Sporting cedeu iniciativa ao Liverpool perante uma muralha defensiva liderada por um Mathieu próximo da excelência - e na qual só destoou Ilori, uma vez mais desastrado como lateral direito adaptado - e contra-ataques protagonizados por Wendel e Bruno, perante um Vietto muito apático e um Raphinha "ausente" durante todo o primeiro tempo.
Soava a injustiça o 1-2 registado ao intervalo, com o Liverpool a marcar aos 20' e aos 44'. E se é certo que Renan - único do Sporting que permaneceu em campo durante os 90 minutos - fez uma enorme defesa aos 18', também é verdade que Wendel foi autor de um excelente remate que levou a bola a bater no poste, iam decorridos 35'.
A segunda parte começou com Thierry substituindo Borja como lateral esquerdo. Boa exibição do nosso campeão europeu sub-19, mesmo na ala oposta àquela em que costuma jogar. Vários jogadores subiram de produção neste segundo tempo: Raphinha apareceu enfim, Vietto mostrou bons pormenores pontuais e Idrissa Doumbia perdeu o nervosismo inicial, soltando-se para uma exibição positiva.
O golo do empate surgiu aos 54', naquela que terá sido a nossa melhor jogada colectiva ao longo de toda a pré-temporada. Lance iniciado com recuperação de bola por Idrissa, envolvimento de Mathieu com Thierry, que endossou a Wendel, seguindo-se tabelinha com Bruno, que a conduziu pelo flanco esquerdo, libertou-se de marcação, temporizou e devolveu ao brasileiro num centro bem medido: Wendel não se fez rogado, alvejando a baliza inglesa. Estava feito o justo empate que perdurou até ao apito final.
O Sporting soube segurar este resultado, já disposto em campo num 4-2-3-1, com Bruno de regresso ao corredor central: continuamos sem vencer, mas desta vez a equipa convenceu. A partir dos 61', quando começou o habitual carrossel de substituições, Keizer confirmou que dispõe de boas segundas linhas. Se as trocas de Luiz Phellype por Bas Dost e de Idrissa por Miguel Luís não resultaram, merecem destaque as exibições de Nuno Mendes (substituto de Mathieu), Eduardo Quaresma (no lugar de Ilori, novamente o pior do Sporting) e Plata (que rendeu Raphinha).
O melhor em campo - e muito cumprimentado pelo treinador do Liverpool, Jürgen Klopp - voltou a ser Bruno Fernandes: um golo, uma assistência.
Ainda está de Leão ao peito e já começamos a sentir saudades dele.
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Os jogadores, um a um:
Renan (29 anos).
Mais: grande defesa aos 18' e golo adiado aos 20': só não pôde evitar a recarga à queima-roupa.
Menos: é sempre ingrato sofrer dois golos, embora sem culpa própria.
Nota: 6
Ilori (26 anos).
Mais: bom corte aos 41'.
Menos: falhou a intercepção nos lances dos dois golos ingleses.
Nota: 3
Neto (31 anos).
Mais: transmite segurança no eixo defensivo: é um bom reforço.
Menos: livrou-se à justa de um segundo cartão, quando já estava amarelado desde os 30'.
Nota: 6
Mathieu (35 anos).
Mais: grande patrão da defesa leonina, intransponível, e sempre atento às dobras a Borja na ala esquerda.
Menos: ainda falta criar automatismos com Neto.
Nota: 7
Borja (26 anos).
Mais: estreia do colombiano nesta pré-temporada: procurou jogar sempre pelo seguro.
Menos: raras vezes arriscou incursões no seu flanco, cedeu um canto disparatado aos 17'. Já não voltou do intervalo.
Nota: 5
Idrissa Doumbia (21 anos).
Mais: melhorou muito no segundo tempo, nomeadamente no capítulo da recuperação de bolas.
Menos: começou muito nervoso, mostrando-se incapaz de fazer passes a mais de dois metros.
Nota: 5
Wendel (21 anos).
Mais: vai mostrando a sua veia goleadora. Hoje marcou o segundo do Sporting e esteve quase a marcar aos 35', com um grande remate que foi embater no poste.
Menos: falta-lhe alguma robustez física para os embates no meio-campo.
Nota: 7
Bruno Fernandes (24 anos).
Mais: um golo, logo aos 5', e uma excelente assistência para o golo de Wendel, aos 54'. Ainda salvou uma bola muito perigosa, aos 45', mostrando a Ilori como devia ter feito.
Menos: desta vez não foi feliz na marcação de livres.
Nota: 8
Raphinha (22 anos).
Mais: quase marcou, aos 70': Mignolet evitou o golo in extremis.
Menos: primeira parte quase irreconhecível do brasileiro, falhando passes, demasiado preso à bola.
Nota: 5
Vietto (26 anos).
Mais: conduziu com eficácia um contra-ataque no primeiro minuto do tempo extra da primeira parte.
Menos: falhou dois golos à boca da baliza - um de cabeça, outro com o pé direito - no segundo tempo.
Nota: 4
Luiz Phellype (25 anos).
Mais: só um bom remate: aos 27', ligeiramente ao lado da baliza.
Menos: lento de reflexos e na decisão. Veio de férias com peso a mais: precisa de perder um bom par de quilos.
Nota: 4
Thierry (20 anos).
Mais: jogou com destemor como lateral esquerdo, rendendo Borja no segundo tempo, e participou no excelente lance colectivo que resultou no nosso golo do empate. Aos 83', passou a jogar na ala direita.
Menos: nem sempre o passe lhe saiu com precisão, o que não afecta a nota positiva.
Nota: 6
Bas Dost (30 anos).
Mais: rendendo Luiz Phellype aos 61', fez duas tabelinhas e procurou pressionar à frente.
Menos: desligado do jogo, perdido num sistema táctico que não o servia, foi incapaz de se libertar das marcações.
Nota: 3
Coates (28 anos).
Mais: substituiu Neto aos 61', introduziu frescura e tranquilidade na linha defensiva.
Menos: só agora pudemos contar com ele: acabou de gozar merecidas férias após a Copa América.
Nota: 6
Jovane (21 anos).
Mais: em campo desde os 61', substituindo Vietto, mostrou-se mais em jogo do que o argentino.
Menos: dele costumamos esperar um golo ou um grande passe de ruptura: desta vez não aconteceu.
Nota: 5
Nuno Mendes (17 anos).
Mais: descomplexado a jogar, ocupou aos 76' a lateral esquerda (por troca com Mathieu, passando então Ilori a central e Thierry a lateral direito) como se fosse titular. Bom corte aos 80'.
Menos: teve poucos minutos de jogo: merecia mais.
Nota: 6
Miguel Luís (20 anos).
Mais: substituiu Idrissa aos 76', boa recuperação de bola aos 87'.
Menos: muito apático, perdeu a bola em zona perigosa aos 81': dá a sensação de que está a falhar a pré-temporada.
Nota: 4
Eduardo (24 anos).
Mais: entrou só aos 83', para o lugar do exausto Wendel: iniciou um bom lance de ataque aos 90'.
Menos: falta-lhe jogar mais para ganhar entrosamento com os colegas.
Nota: 5
Eduardo Quaresma (17 anos).
Mais: entrou aos 83', rendendo o desastrado Ilori: mostrou vontade de cumprir.
Menos: nada a registar.
Nota: 5
Daniel Bragança (20 anos).
Mais: coube-lhe substituir Bruno Fernandes, aos 83': não acusou o peso da responsabilidade.
Menos: nada a registar.
Nota: 5
Plata (18 anos).
Mais: em campo só aos 83', por troca com Raphinha, mostrou-se muito dinâmico e com vontade de acelerar o jogo.
Menos: algo individualista: um aspecto a corrigir.
Nota: 6