Os calimeros do Artur
Faltei à presença nos prognósticos para o dérbi, por estar outra vez longe dos meios tecnológicos necessários para o fazer: claro que dava uma vitória para o Sporting; esta coisa dos prognósticos, aliás, é mais para manifestar desejos do que realmente acertar. Também chego um bocadinho tarde ao rescaldo, mas mesmo assim gostava de dizer uma ou duas coisas:
1 - Os nossos queridos bificas viraram calimeros do Artur esta semana. Querem reduzir o jogo ao frango do Artur. Como se o Artur não tivesse feito mais quatro defesas importantes, duas delas bem difíceis (livre de Jefferson aos 71 mins. e remate de Slimani aos 89). Também se esquecem que parte do frango é criado pelo Eliseu, que recua para o Artur quando o Carrillo está em cima dos dois, e forçado tanto pelo Carrillo como pelo Slimani, que o rodearam de tal maneira que ele não soube o que fazer. Seja como for, fartei-me de rir: passam a vida a achincalhar o Rui Patrício, mesmo quando joga pela selecção; riram-se à larga no jogo da Taça na Luz o ano passado, quando ganharam com um frango do Rui Patrício; é a chamada justiça poética.
2 - Também se esquecem que o Sporting dominou a maior parte do jogo. O Benfica dominou (mais ou menos, na verdade) até ao seu golo, mas a partir daí e até ao fim da primeira parte o jogo foi do Sporting: coisa que, aliás, já estava a acontecer antes de o Sporting marcar. O Benfica dominou depois os primeiros vinte minutos da segunda parte, dez dos quais muito intensamente, mas depois acabou (depois daquele remate do Salvio à malha lateral). Os últimos vinte e cinco minutos são do Sporting, que aliás acaba a atacar, com cantos e livres seguidos. Claro que o domínio do Sporting não é como o do Benfica de Jesus: o Benfica como Jesus gosta não é uma equipa de posse de bola; é uma equipa de pressão muito alta, seguida do famoso "carrossel" de tabelinhas e correrias, quando a bola é recuperada, para acabar em remate. O Sporting de Marco Silva (como o de Jardim) é de posse de bola. Por isso parece menos frenético. Mas é bastante eficaz. Vendo bem, o Sporting teve apenas ligeiramente menos oportunidades de golo mas teve as melhores (salvas pelo Artur, lá está...). O Sporting dominou uma hora do jogo (50 mins., vá lá, para ser simpático), o Benfica o resto.
3 - A gente já sabe que no Benfica tudo é genial, como a jogada do golo. É só loas à maravilha do "carrossel". 'Tá bem: não fizeram mais nada de parecido no resto do jogo. E ninguém fala da jogada verdadeiramente genial da partida, que só o Artur (lá está...) impediu de acabar em golo: é o tal lance do minuto 89, em que Nani faz um passe em arco à frente da defesa do Benfica, que a come por completo, e deixa o Slimani em condições de enfiar no fundo da rede. Aquela assistência é que só está ao alcance de um jogador excepcional como o Nani. Valeu o Artur (lá está...).
4 - Enfim, sentem-se muito humilhados com um empate em casa contra essa coisa desprezível que é o Sporting. Na falta do árbitro, a calimerice volta-se contra o Artur. Pois, metam lá o gajo dos 7-1 do Brasil contra a Alemanha.