Os abutres
Andam em silêncio e recatados, envolvidos nas sombras nocturnas. Ninguém os vê por Alvalade: nunca frequentam o nosso estádio e jamais acompanham a equipa por esse país fora. Mantêm-se mudos quando há vitórias: são incapazes de compartilhar o espírito de celebração leonina.
Só saem das trevas quando soa a desaire: basta um resultado negativo para soltarem piados lúgubres, dando enfim sinal de vida. Contra o presidente, a equipa técnica, os jogadores. Emitem os piores presságios e torcem para que se concretizem. Para eles, quanto pior melhor.
Quando a esmagadora maioria dos sportinguistas está alegre, mal ocultam a frustração. Quando há tristeza em redor, exibem esgares de satisfação. Intitulam-se leões, mas se observarmos bem já perderam a juba há muito tempo. Se é que alguma vez a tiveram.
Em vez de boca têm bico e o pelo deu lugar às penas. Famintos de insucesso, sonham com desastres e carnificinas para poderem enfim banquetear-se.
Não são leões: são abutres.