Oportunidade perdida
Confesso que nunca tinha ouvido falar em Pedro Madeira Rodrigues. Problema meu, assumo. Garantem-me vários sportinguistas que ele "interveio" nos últimos anos oculto num pseudónimo, disparando algures farpas a torto e a direito contra a direcção leonina. Se isso for verdade, faz sentido que eu seja incapaz de associar o recém-anunciado candidato à presidência do Sporting a qualquer posição pública emitida de 2013 para cá: pseudónimos, para mim, só valem na literatura. Num debate de ideias, seja político ou desportivo, só por manifesta cobardia haverá quem recorra a um expediente destes.
Seria portanto para sportinguistas tão ignorantes a seu respeito como eu que Madeira Rodrigues deu há poucas horas a cara, em duas ocasiões, para dizer quem é e ao que vem. Primeiro numa conferência de imprensa, depois numa entrevista ao principal serviço noticioso da CMTV.
Acompanhei as suas declarações com atenção. O que disse, lamento registar, foi muito pouco: emitiu uns lugares-comuns sobre a necessidade de alterar a gestão, garantiu que manteria o treinador e que não iria pronunciar-se sobre jogadores, e disparou algumas críticas a Bruno de Carvalho, acusando-o de copiar "o Pinto da Costa da década de 80". Sem reparar, aparentemente, que estas palavras constituíam um elogio implícito ao presidente do Sporting: naquela década, o FC Porto somou títulos e até se sagrou campeão europeu.
Sobre programa e metas e núcleo dirigente, nada. Sobre o que pretende alterar em concreto, além de propor um estilo mais dialogante, coisa nenhuma. Perdeu portanto a primeira oportunidade para fazer a diferença e mostrar aos sportinguistas o que realmente o faz correr. Aguardarei pelas próximas. Mas, como dizia o outro, não há segunda oportunidade para causar uma primeira impressão.