Olhar para casa antes de olhar para fora
Texto de Pedro Sousa
No Sporting, temos a tendência para extremar posições. Nos dias que correm, uma opinião radical é considerada uma opinião independente e até, de confronto a quem pensa de forma diferente. Uns e outros, errados.
O SCP é um Grande, com a obrigação de jogar para ganhar todas as competições, sempre, com os melhores atletas possíveis. Por outro lado, temos o ADN formador que é a nossa imagem de marca. É na mescla entre bons jogadores adquiridos e os melhores jovens da formação que está o presente e o futuro, que honra o nosso passado.
Perante a nossa capacidade formadora, não faz sentido adquirir dez ou mais jogadores por época. Ainda menos se a qualidade é duvidosa ou tem o único propósito de gerar comissões. O ideal é [haver] menos aquisições por ano (três, quatro, cinco no máximo), mais qualidade (e só para posições deficitárias), mesmo que isso implique maior investimento individual. Olhar sempre para casa antes de olhar para fora. Os achados, por norma, não se encontram na loja da esquina. Slimani foi a boa excepção.
O plantel sénior deveria ter um máximo de 23 ou 24 atletas, três guarda-redes e 20 jogadores de campo, dois por posição (avançados-centros, talvez três). As finanças agradeceriam e os jovens das equipas inferiores também, que [assim] poderão ter mais oportunidades no plantel sénior.
A Taça da Liga, pelo menos numa fase mais precoce, deveria ser disputada pelos mais jovens, mesmo que isso implicasse uma eliminação. Os jovens de maior qualidade devem competir no escalão etário seguinte, como aliás, é política desta direcção (este bem-fazer em nada apaga tanta outra incompetência e a necessidade de mudarmos).
Em condições normais, se todos os anos conseguirmos integrar dois jovens no plantel sénior e um deles começar a jogar regularmente, é um êxito tremendo. Só em condições anormais é que costuma sobrar espaço para a entrada de vários jovens na equipa principal em simultâneo. E nem todos têm que entrar aos 18 anos. Não deverá acabar aí o sonho do atleta. Existirão a equipa B e eventuais empréstimos, para evoluir e reclamar uma oportunidade.
Para concluir, devem jogar os melhores. Sejam eles da formação ou não.
Texto do nosso leitor Pedro Sousa, publicado originalmente aqui.