Olhá lá, ó Nuno
Nuno.
Todos tivemos um amigo como tu.
E muitas vezes até se chamava Nuno e tudo.
Eu tive um e chamávamos-lhe Nuno Maluco. Acredita que é verdade, passou-se há mais quarenta anos, mas é verdade.
Era o tipo tramado, o chato. O teimoso.
O gajo que nunca estava satisfeito com nada.
Era o gajo que dizia e insistia e teimava que o porteiro nos havia de deixar entrar e que valia a pena fazer mais 50 quilómetros para ir àquela discoteca, mesmo que já fossem quatro da manhã.
Era o gajo que dizia que se via bem, que era para continuar o jogo, mesmo quando a luz do poste estava fundida e a lua coberta pelas nuvens - nem se via a bola quanto mais a baliza feita com dois calhaus. O nosso Nuno era o gajo que ia à baliza mesmo com gesso no braço, o herói que conseguia sempre que nos vendessem bolos às três manhã e que convencia o taxista a levar seis.
O Nuno que cada um teve a sorte de ter na vida, assim pró baixote, cabelo rapado, ia sempre à frente, decidido, confiante, maluco, sempre leal, corajoso, era o primeiro a ir defender os amigos.
Nunca teríamos sido o que somos sem o nosso Nuno.
O Sporting nunca teria sido campeão nestas duas últimas vezes sem o Nuno Santos.
Carrega, Nuno. Não desistas. Fica aí, mesmo sentado na marquesa.
Precisamos de ti. Voltarás mais forte, é essa a tua natureza.