Oitavos
Apanhar a Croácia nos oitavos de final do Euro é um tremendo azar mas a eliminação na primeira fase seria ainda mais chato. Os croatas evoluíram muito desde 1996, quando se estrearam num Euro (e já tinham Suker, Boban ou Prosinecki) e foram derrotados 3-0 por Portugal e têm um plantel de grande qualidade, uma equipa com fino recorte técnicos e jogadores espalhados por equipas como Real Madrid, Barcelona ou Inter.
Na baliza mora Subasic do Mónaco. É um keeper de grande classe e dá segurança. Na defesa, os guerreiros Corluka (Lokomotiv) e Vida (Dinamo Kiev) são fisicamente fortes e metem respeito. São lentos e é disso mesmo que Nani se tentará aproveitar.
Nas alas, dois senhores. A caminhar para o fim da carreira, Srna, eterno capitão do Shaktar e atual capitão da sua seleção, atua na direita e é exímio marcador de bolas paradas. Na esquerda, joga Vrsaljko, que se prepara para trocar o Sassuolo pelo Atlético de Madrid e é um dos mais interessantes laterais da Europa. Como segundas opções há Jevdaj (Leverkusen), Strinic ou Schildenfeld (Dinamo Zabreg).
No meio campo, um elenco do luxo. Badelj (Fiorentina) é o homem mais recuado e a garantia de músculo. Ao lado tem Brozovic (Inter), mais técnico. Rakitic (Barcelona), Modric (Real Madrid) e Perisic (Inter) formam o trio dourado, a partir do qual todo o jogo ofensivo se desenrola.
Na frente, Mandzukic (Juventus) é o avançado. As alternativas ofensivas são a jovem estrela Pjaca (Dinamo Zabreg, associado a Milan e Benfica), Kramaric (Hoffenheim) ou Kalinic (Fiorentina), autor de um golo de calcanhar ante de Espanha e de umas bocas a Portugal que darão muito gozo rebater. Com golos.
Só uma equipa portuguesa muito segura na defesa (especial atenção às alas que estiveram desastradas no último jogo); com um meio campo de alta rotação (Moutinho e Gomes, nas suas atuais versões não cabem aqui) e um ataque assertivo podem passar a Croácia, que tem contra si o menor traquejo quando comparada contra equipas como Alemanha, Itália ou Espanha. Portugal deverá continuar no seu 4-4-2, apostando na versão “diamante” ou “losango” que resulta menos mal do que o 4-4-2 mais tradicional.
Na baliza, teremos Patrício. Nas alas, Raphael regressa e na direita seria bom ter Cédric, bem mais rotinado na posição e fisicamente fresco. No centro, Pepe tem estado relativamente bem e era bom que Fonte jogasse, permitindo a Carvalho descansar. O central do Mónaco tem 38 anos e fazer 4 jogos em tão pouco tempo poderá ser de mais (com a Hungria acusou cansaço e lentidão). Para o meio, William deve manter-se na posição seis. A médios interiores, João Mário é a opção para a direita. Na esquerda, seria desejável deixar Gomes de fora. O médio do Valência está mal fisicamente e pouco tem rendido na esquerda. A solução ideal seria apostar num homem mais ofensivo como Rafa ou Quaresma. Sanches poderá ser uma boa opção também, uma vez que mexeu com o jogo na quarta-feira.
Atrás dos avançados, Moutinho tem sido quase nulo. Adrien, com zero minutos na competição, seria a melhor opção. Tem experiência e qualidade mais do que suficientes. Para além de um bom remate que daria jeito. No ataque, é certo que a aposta será Ronaldo acompanhado por Nani. Face às características dos centrais e mesmo de Badelj, Nani será um homem essencial.
A certeza é só uma: só um Portugal muito diferente do da primeira fase pode sonhar com a vitória sobre os croatas, uma das equipas que melhor futebol praticam nesta competição.