Obrigado, Paulo Bento
Como é costume em Portugal, mal uma figura pública cai em desgraça logo se apressam os "corajosos" de turno, que nada disseram antes, a apedrejá-lo com fúria desmedida.
Apetece-me, portanto, remar em direcção contrária. Apesar de ter criticado no momento oportuno as opções do técnico no decepcionante Mundial do Brasil e de considerar que após a derrota contra a Albânia em casa ele deixara de reunir condições para se manter como seleccionador, este é o momento de expressar aqui uma palavra de apreço a Paulo Bento.
Os motivos são fáceis de enumerar.
O balanço da sua actuação, em quase quatro anos, é muito positivo: 47 jogos, 26 vitórias, 12 empates e apenas nove derrotas. É o terceiro seleccionador português com mais jogos disputados, o segundo com mais vitórias (62% de triunfos) e o terceiro com mais golos. Com ele ao leme da equipa nacional, Portugal ascendeu ao quarto lugar no ranking das selecções a nível mundial.
Iniciou funções já com a campanha de apuramento para o Campeonato da Europa em curso, quando tínhamos uma derrota contra a Noruega e um empate em casa (4-4) contra o modestíssimo Chipre. Apesar desses cinco pontos perdidos, conseguimos a qualificação e no Euro-2012 atingimos as meias-finais, tendo sido derrotados na marcação de penáltis - após prolongamento - frente à Espanha, que era campeã mundial em título e se sagraria campeã da Europa.
Uma das maiores proezas de sempre do futebol português a nível de selecções.
Depois conseguimos a qualificação para o Campeonato do Mundo de 2014. Só no Brasil a estrela de Paulo Bento começou a empalidecer, com a turma das quinas a tropeçar na fase de grupos. Tal como sucedeu com outras selecções muito prestigiadas - Itália, Inglaterra e Espanha, por exemplo.
Mas repito: não devemos pecar por ingratidão. Por mim, lembrarei os motivos de júbilo que a selecção treinada por Paulo Bento nos proporcionou. É isso que mais importa.