Obrigado, João
Há gestos nos nossos jogadores que guardamos para sempre.
Do João Palhinha guardarei dois gestos - um simbólico e outro físico.
O simbólico foi, no "verão quente" após a invasão de Alcochete, rejeitar o assédio para rescindir com o clube. Apesar do dinheiro com que lhe acenavam - e que tentou outros, como sabemos.
Poucos meses depois, Palhinha foi emprestado ao Braga por dois anos, num dos negócios mais sem-sentido de que me lembro o Sporting fazer.
Mas regressou, trabalhou muito e conquistou a posição. E tornou-se campeão nacional. E ganhou vários outros títulos.
E daí o segundo gesto.
Que foi, na época passada, quando ganhavamos por um golo a 10 minutos do fim, a forma como festejou um corte. Cerrou os punhos, encostou-os à cara e berrou. Por ter ganho uma bola. Festejou um corte como se tivesse marcado um golo. O bi-campeonato ainda era possível e naquele berro estava uma crença e uma garra de agarrar aquele troféu.
São esses gestos que definem os jogadores.
A marca do João Palhinha foi sempre uma grande entrega, que só é possível aos jogadores verdadeiramente humildes e dedicados à instituição que representam. Neste caso, o Sporting Clube de Portugal.
Tenho pena que Palhinha vá, mas acredito que irá voltar.
Porque esta, como mostrou nos últimos anos, é a sua casa.
Pela entrega nos bons e maus momentos - obrigado, João.