O suplente Sarabia
Qualquer um que se abstenha da tonteria de julgar que percebe alguma coisa de futebol a partir da bancada e assim seja capaz de olhar para os jogos desembaraçado dos preconceitos típicos da ignorância, não terá dificuldade em reparar que Ruben Amorim tem o mérito único em Portugal de emular os modelos do Manchester City e do Liverpool - os exemplos mais espectaculares - com a inteligência de os adaptar aos recursos de que dispõe.
Dá-se um vale de desconto a quem disser qual é o ponta-de-lança desses colossos do futebol contemporâneo (Ogivi não passa de uma solução de recurso) e dá-se uma gargalhada se alguém disser que, por exemplo, Sterling ou Firmino, não são "titulares", mesmo que comecem o desafio no banco.
Também o Sporting, à sua medida, joga sem essa figura já arcaica do ponta-de-lança, privilegiando uma bateria de avançados ágeis, irrequietos, inteligentes, psicologicamente alegres, afoitos e bem entrosados. Isto pode ajudar a perceber o "caso Paulinho" que tem todas estas qualidades menos a de marcar golos no instante decisivo, o que o diminui mesmo que não lhe tire importância.
Ontem Amorim fez mais uma vez prova do acerto desta ideia sobre como jogar lá na frente. Sarabia entrou em campo já dentro da segunda parte e foi letal em aproveitar o desbaratamento em que já se encontrava a defesa de Portimão.
Sarabia suplente? Deixem-me rir...