Há épocas recorrentes nos órgãos de comunicação social. Há a "época dos fogos", a época balnear, a época dos "surtos de gripe", a época dos assaltos (esta, em regra, coincidente com o defeso futebolístico, que instala um súbito vazio em várias redacções).
Existe também, sobretudo na imprensa desportiva, a época do "surto de dívidas". Os mais incautos e distraídos poderão supor que se trata de algo inédito, nunca ocorrido antes, absolutamente em estreia, e que só envolve o Sporting. Como se todos os clubes não devessem a outros clubes quantias de maior ou menor dimensão neste mercado sempre flutuante das movimentações de jogadores, com ou sem crise pandémica.
É tempo de sossegar tão boas almas. Os "surtos de dívidas" estampados nas manchetes dos jornais funcionam à semelhança das "vagas de assaltos" destinadas a preencher vazios informativos: são cíclicos, recorrentes e motivados por indignações muito selectivas. Hoje visam esta administração da SAD leonina, mas já visaram gerências anteriores.
Seguem-se alguns exemplos, enumerados sem grande esforço de memória.
Os números não mentem. E para os varandistas que dizem que os números devem ser vistos por treinador. Eu perguntou quem contratou os treinadores, jogadores e planeou as épocas?
Se os números não mentem, os presidentes mais bem-sucedidos no Sporting no último quarto de século foram José Roquette e Dias da Cunha. Grandes presidentes. Pioneiros no novo estádio, pioneiros na SAD, pioneiros na Academia de Alcochete, pioneiros na formação de excelência - logo copiada pelos clubes rivais. Além disso conquistaram o campeonato nacional de futebol. O último conseguiu até a dobradinha.