O Sporting somos nós
Sou do tempo em que o Sporting eram aqueles que nos estádios, nos pavilhões e nas pistas conduziam a camisola do clube às conquistas e aos triunfos. Os Yazaldes, Damas, Agostinhos, Lopes, e muitos outros. Os nosso ídolos. Tudo o resto era acessório.
Os tempos são outros, mas em todo o caso é completamente inadmissível e uma vergonha para o Sporting o número de dirigentes, treinadores e jogadores que foram agredidos fisicamente nas instalações do clube nos últimos tempos, com ovos, murros, pontapés, tochas, cintos, e garrafões de água. Foram mais de uma dúzia entre dirigentes, treinadores e jogadores, entre eles capitães de equipa.
Hoje no tribunal de Monsanto, um rapaz de 29 anos que participou no assalto à academia do próprio clube e que trocou mensagens onde manifestou a intenção de "ir bater" veio dizer que "Queria ir lá dar uma espécie de 'aperto', mas nunca foi minha intenção agredir, era mais pedir justificações. A minha intenção nunca seria ir lá agredir jogadores, a minha intenção era assustá-los e fazer com que eles percebessem que deviam ter dado mais no campo, deviam ter ganhado". Pois.
Diz ele também que "É tudo condenável, não me revejo nisto, não sei o que me passou pela cabeça na altura. Percebo que isto chocou o país. Isto, se calhar, era um vício que eu tinha, o Sporting e as claques". Pois.
Mas o que impressiona ainda mais é a quase indiferença de alguns Sportinguistas perante este estado de coisas. Se calhar é um pouco como a violência doméstica. Se eles apanharam, então é porque mereciam. E se a filha menor dum deles foi insultada e cuspida, paciência.
A pergunta que deixo é como é que o Sporting poderá atrair os melhores dirigentes, treinadores, capitães e jogadores, quando o que lhes pode muito bem acontecer é serem agredidos nalgum canto escuro por quem se julga dono do clube.
SL