O Sporting sob ataque: o Tratado de Tordesilhas...
O patrocínio de SLB e FCP a uma candidatura para a Liga de Clubes, só de ser comum, seria estranho. Sendo as coisas o que são, é muito perigoso. É uma declaração de guerra ao nosso clube. As declarações do Bruno de Carvalho - que poderiam decerto ser mais contidas, na forma - espelham uma realidade que, não sendo nova, deixa de ser ponta de "iceberg" para se transformarem em "iceberg". O que parece (e, em política, o que parece, é) é terem FCP e SLB uma agenda que deixou de ser secreta para se tornar pública: prensar o Sporting e reduzi-lo a um Sp de Braga mais. A convergência de apoios a uma candidatura para a presidência da Liga de Clubes confirma o Tratado de Tordesilhas. Já existente, pela força das coisas, a nível de órgãos fundamentais da FPF (arbitragem, disciplina e justiça) e extensível agora à direção da Liga. Trata-se, a meu ver, de uma cumplicidade útil para instaurar um rotativismo dos «dois grandes» (as duas bochechas de que falou BC e o resto), na luta pelo acesso direto à Champions - deixando, habitualmente, para Sporting e Braga a luta pelo lugar do "play off" (e enquanto ele houver). Uma cumplicidade de interesses desportivos e financeiros, também no que respeita à negociação de facto com a banca dos enormes passivos dos «dois grandes». A entrevista de Vieira à RTP e as alusões ao passivo do Sporting e ao diálogo com o FCP (não lhe caíriam os pelos das mãos, se falasse com Jorge Nuno, e eles já falaram tanto no passado!) foram o virar de página de uma «rivalidade» histórica. Vamos lá resolver os nossos interesses entre nós: passivo, diálogo forte com a banca, Champions e domínio do futebol português, sem alianças com terceiros - disse Vieira a Jorge Nuno. Este deu uma cúmplice gargalhada, de resposta a BC. Na verdade, o nosso presidente disse apenas «o rei vai nu», volta o "sistema" como Tratado de Tordesilhas. Já abordei este tema, em post recente, quando li as declarações do Vieira. Parece que alguns sportinguistas estão desfazados da nova realidade. O Bruno reagiu com violência verbal, retratando à sua maneira o que se desenha - talvez tenha feito de Bocage. Mas o Bocage era um grande poeta e dizia coisas que são verdades. Na crueza das palavras, relatava a realidade do «debaixo dos panos». Bruno fez o mesmo.