O Sporting e a equipa do Sporting
Para começo de conversa: adoro uma boa e inconsequente retórica, aliás, é exactamente por isso que eu não me levo muito a sério quando falo da bola. Por princípio, não levo a sério pessoas como eu próprio. Ficou dito. Agora isto: gosto quando os presidentes, os treinadores, os jogadores e as vendedoras de bifanas da roulotte de Telheiras garantem que o Sporting por natureza é sempre, mas sempre, candidato ao título. Têm razão. A história do Sporting é uma história de grandes vitórias em todas as modalidades. O Sporting será sempre candidato a ganhar tudo. Aqui, acho que descuidei-me um bocadinho: disse em todas as modalidades. A equipa de futsal é candidata a conquistar todos os títulos nacionais e internacionais? Sim, sem dúvida: porque há anos só sabem ganhar. As equipas de atletismo são candidatas conquistar todos os títulos nacionais e internacionais? Sim, sem dúvida: porque há anos que só sabem ganhar. As equipas de natação são candidatas a conquistar todos os títulos nacionais e internacionais? Sim, sem dúvida: porque há anos que só sabem ganhar. A equipa de futebol é candidata a conquistar todos os títulos nacionais e internacionais? É por causa destes exercícios parvos de retórica que eu não me levo a sério. De que tamanho será o meu cérebro se disser que não somos candidatos ao título porque deixámos de estar habituados a ganhar? Uma casca de noz? Uma inflamação tipo caroço de azeitona? Sim, o Sporting é candidato. A equipa, não. E ainda bem. Temos de voltar a aprender a ganhar e aprender significa dar passos sólidos, pois sim senhor, mas um de cada vez. Deixem lá o Porto e o Benfica vomitarem as suas candidaturas ao título. A mim, basta-me ganhar ao Gil Vicente. E logo se vê quem vier a seguir. E o outro. Eu gosto de não ser candidato: eu prefiro ganhar no fim.