O ranking europeu e os direitos televisivos
No dia em que se joga a segunda mão da primeira meia-final da Taça de Portugal, que opõe o Tondela ao Mafra, será interessante analisar as implicações que esta conjugação de jogos (o outro é o Porto-Sporting) poderá trazer para a pontuação de Portugal no ranking UEFA para acesso às suas competições.
Sem qualquer tipo de menosprezo pelo Tondela ou pelo Mafra, que chegaram a esta fase com todo o mérito, a manter-se a classificação da primeira liga, o mais provável, um destes clubes terá, mesmo perdendo a final da Taça com Porto ou Sporting, acesso a uma competição europeia (sem tempo para procurar se a LE ou a Conference League).
Qualquer deles, com todo o respeito, não têm estofo para ombrear com os clubes que irão enfrentar e corre o futebol português o risco de perder a entrada directa do segundo classificado na liga dos campeões (e perder o terceiro), ou até do vencedor do campeonato.
O porquê dos direitos televisivos aparecer aqui, tem a ver com a necessidade absoluta de haver uma distribuição mais justa e equitativa, permitindo que o fosso entre os três grandes e os outros seja diminuido, com todas as vantagens não só para os clubes, mas também para os espectadores. Se dúvidas houver, olhe-se para o campeonato inglês, onde os direitos são negociados e têm uma distribuição justa. Aliás, o clube que mais recebe de direitos, curiosamente, é o que vence a segunda liga, precisamente com o objectivo de se poder apetrechar para o embate com outros que têm maior poder económico.
Por cá, apesar de alguns dizerem que só há dinheiro para dois, os três grandes secam a teta e aos pequenos restam as migalhas, com a consequente situação de todos os meses e todas as épocas andarem com a corda na garganta.
Parece que já se decidiu que haverá negociação em "bolo". Terá sido um parto difícil, mas importa conhecer os termos da distribuição de verbas e garantir que os pequenos tenham opção de crescer. Crescendo os pequenos, cresce o futebol português no seu todo e o seu peso nas competições da UEFA.
É quase ridículo (se não fosse até excelente) que Portugal tenha, ao nível de selecção, um conjunto de resultados extraordinário nos últimos anos e os clubes se estejam a afundar de forma trágica na tabela da UEFA.
Já agora, como habitante no concelho, que passe o Mafra!