O que nos vale é o Sporting!
Saímos cedo de Macedo de Cavaleiros, em direção à fronteira, debaixo de um nevoeiro cerrado e temperaturas negativas. A geada cobria a paisagem, nem as árvores escapavam. Ao passar em Bragança, o termómetro do carro mostrou cinco graus negativos.
Do lado espanhol, a coisa não melhorou: Zamora, Toro e Valhadolid pareciam estar encarceradas numa arca congeladora. Em Burgos, enfim o sol! Fizemos uma pausa e, ao contrário de em Toro, pudemos passear a cadela sem tiritar. Nas montanhas bascas, vivemos uma primavera antecipada, mas depressa escureceu e, como se não bastassem os dias pequenos de inverno, chegámos a Bordéus debaixo de uma chuva miudinha.
O quarto do hotel estava quente demais e não se podia regular o aquecimento. O sono não foi tranquilo. Passámos o dia seguinte debaixo de chuva. A temperatura descia e a tempestade aumentava de intensidade, à medida que nos aproximávamos de Paris. Pudera! Vivemos tempos bizarros, em que se executam caricaturistas!
Deixámos para trás as convulsões da capital francesa e pernoitámos em Valenciennes, junto à fronteira belga. Desta vez, a temperatura do quarto era mais agradável, mas, a meio da noite, alguém resolveu festejar, com música alta. Não chegámos a saber se era no hotel, se fora dele.
Partimos às seis e meia da manhã, mais mortos do que vivos, tendo ainda setecentos quilómetros pela frente. Atravessámos uma Alemanha fustigada por ventanias e saraivadas, por vezes, a visão era mínima. E já nem falo nos passeios com a cadela...
Chegar, descarregar o carro, arrumar as coisas, tentar estabelecer a ordem no meio do caos. Quando pude, liguei o computador, li os mails, vagueei um pouco pela blogosfera… Eram cerca das nove e meia (na Alemanha, é uma hora mais tarde), quando o meu marido me veio dizer: «A RTP Internacional está a transmitir o Braga-Sporting. 0:0 ao intervalo».
Já não me demorei na internet. Fui ver a segunda parte. O Sporting começou bem, mas as oportunidades falhadas sucediam-se. Na parte final, o Braga cresceu e eu já rezava que não marcassem, que se salvasse, pelo menos, o empate.
Em tempo de descontos, a entrada violenta de Matheus sobre Tanaka. O guarda-redes só levou o cartão amarelo. «Haviam de marcar este golo», disse o meu marido, «sempre se fazia justiça por o Matheus não ter visto o vermelho».
E não é que o Tanaka marcou mesmo? O Tanaka marcou um golaço!
O que nos vale é o Sporting! Para nos abençoar o sono e nos fazer esquecer as agruras de atravessar meia Europa de carro em pleno inverno!