O problema do costume
Sporting, 1 - Villarreal, 1 (jogo-treino)
O tempo vai passando, outra época já se prepara, alguns nomes novos marcam presença no plantel, mas uma questão de fundo subsiste: continuamos com escassas oportunidades de golo e são raros os desafios em que a metemos mais de duas vezes no fundo das redes.
Ontem, no primeiro-jogo treino da pré-temporada com público, no estádio do Algarve, só conseguimos fazer uma vez o gosto ao pé. Foi aos 40', num vistoso disparo de Pedro Gonçalves - o mais inconformado e mais eficaz dos nossos jogadores. Aproveitando assim a primeira (e talvez única) oportunidade que tivemos nesta partida contra o Villarreal, muito bem orientado por Unay Emery, um dos melhores treinadores espanhóis da actualidade.
Não esqueçamos que esta equipa valenciana foi recente semifinalista da Liga dos Campeões.
Houve preocupantes perdas de bolas motivadas por desconcentração (Marsà, logo a começar, Matheus Nunes e Matheus Reis, por exemplo). Num desses lances, que o jovem Hevertton protagonizou pela negativa, o Villarreal aproveitou para empatar. Adán, na baliza, nada podia fazer.
Assinale-se a estreia do recém-chegado Francisco Trincão - que fica com o n.º 17, de tão boa memória pois nos faz recordar a proveitosa passagem de Pablo Sarabia por Alvalade. Entrou só aos 65', sem grande protagonismo.
De resto, velhos problemas ainda sem solução à vista. O maior de todos é a fraca produção ofensiva traduzida em remates enquadrados.
Alguns cruzamentos na zona mais adiantada que não encontravam ninguém na zona de tiro e Paulinho a «arrastar os defesas» (como repetia o entusiástico comentador da TVI) mas demasiado parcimonioso na hora de ser ele a tentar o golo.
Talvez se sinta mais inspirado a partir de agora, que passa a jogar com o n.º 20 nas costas (repetindo o número que usava em Braga).
Breve análise dos jogadores:
Adán - Fez toda a partida, ontem como capitão. Seguro entre os postes. Sem culpa no golo de Baena, sofrido aos 76'.
Gonçalo Inácio - Central do lado direito, pareceu o mais tranquilo do bloco defensivo. Duas boas bolas lançadas em profundidade.
Marsà - Estreia como titular entre os "grandes", no lugar de Coates. Começou muito mal, mas foi ganhando confiança.
Matheus Reis - Bom entendimento com Nuno Santos na ala esquerda, mas sem os rasgos a que nos habituou.
Esgaio - Titular como ala direito, jogou pelo seguro sem exuberância nem nenhum lapso digno de registo.
Ugarte - Início algo atabalhoado, acusando nervosismo. Falta-lhe apurar a condição física neste recomeço dos trabalhos.
Matheus Nunes - Gosta de pautar o jogo, mas agarra-se por vezes em excesso à bola. Perdeu alguns duelos.
Nuno Santos - Muito voluntarioso, tanto a atacar como a defender, comportou-se como dono do corredor. Só lhe faltou afinar a pontaria.
Tabata - Protagonizou alguns dos melhores lances da primeira parte, actuando como interior direito. Tentou três vezes o golo.
Pedro Gonçalves - Serviu duas vezes os colegas, em vão. À terceira, deixou-se de cerimónias e marcou um grande golo, num tiro indefensável. Mostrando como se faz.
Paulinho - Boas movimentações lá na frente, abrindo espaço para os colegas. Mas faltou-lhe o mais importante: golo.
Hevertton - Rendeu Gonçalo aos 65'. Pouco depois abriu uma avenida que possibilitou o golo espanhol.
Dário - Entrou aos 65', para o lugar de Ugarte. Muito combativo, aguentando faltas e sem desistir dos lances.
Trincão - Estreia absoluta de verde e branco. Ainda sem entrosamento com os colegas, valeu pelos aplausos que ouviu ao entrar (65'), substituindo Matheus Nunes.
Rodrigo - Substituiu Paulinho aos 78' quando a equipa já acusava algum cansaço. Mal se deu por ele.
Renato Veiga - Rendeu Pedro Gonçalves aos 87'. Percebe-se que tem vontade e que não lhe falta boa técnica.