O outro Brasil
A Holanda ganhou nos últimos 40 anos a justificada fama de produzir um tipo de futebol que se conta entre os melhores do mundo. A fama refere-se, no entanto, a um jogo feito de habilidade, passe, posse, ratice... Não por acaso, já alguém a designou como "o Brasil da Europa". Este ano, porém, pela mão de um dos seus melhores treinadores, decidiu aparecer com uma coisa que parecia saída dos anos 90: trocas de bola entre os defesas, à espera de avanços da outra equipa que dessem para fazer uns contra-ataques. A Espanha foi a única a cair na ratoeira. Ninguém mais o fez. Resultado: ver a Holanda neste Mundial foi uma chatice pegada, culminando no Lexotan em forma de jogo de futebol (alô Luís Freitas Lobo) que foi a meia-final de ontem. Os holandeses, tal como os brasileiros, também são uns traumatizados: três finais, três campeonatos perdidos, dois dos quais quando jogavam o melhor futebol do Mundial. Deve-lhes ter passado pela cabeça, como aos brasileiros, que era assim que ganhavam, renegando o que sempre fizeram. Não ganharam. É bem feito.