O oficial miliciano que venceu a Taça das Taças
Ontem, envolvi-me numa discussão, em que se debatia o excelente golo de Monteiro, assim mesmo, Monteiro.
Entrei na conversa (e não era nada comigo) dizendo: "Este chama-se Montero, Monteiro foi outro, o que nos ajudou a conquistar a Taça das Taças."
Estava lançada a confusão.
Ninguém, entre os presentes, se lembrava de um jogador chamado Monteiro. Como a História é feita de memórias, rememoro Monteiro, José Monteiro, com palavras de Manuel Pedro Gomes:
Monteiro, Alexandre Baptista e eu, iniciámo-nos juntos nos principiantes. Como eu gostava de vê-lo jogar. Na estreia contra o Benfica jogávamos os três como avançados. O resultado foi 5-1 e todos nós marcámos golos.
Lembro-me do Monteiro, um tecnicista com uma grande visão de jogo. Os seus pés de veludo acariciavam a bola, enviavam-na aos colegas em passes milimétricos, e colocavam-na dentro da baliza e no ângulo por ele idealizado.
Monteiro era elegante, rápido como uma gazela, eu admirava os slalons que ele fazia por entre vários adversários. Numa palavra, o seu jogo era excepcional.
Monteiro, como tantos jovens da sua idade foi mobilizado para a guerra em África, alferes miliciano, foi a norte de Luanda, no mato, que continuou a acompanhar o Sporting, o nosso Sporting, foi no mato que se soube vencedor da Taça das Taças, terminamos com palavras do próprio:
Passei a ter de ouvir os relatos no mato, a norte de Luanda, onde estávamos, isolados. Foi assim até à final, o rádio encostado ao ouvido, o coração a bater forte...