O futebol é um país à parte?
O esloveno Sporar veio trabalhar para Portugal. Durante um ano esteve na empresa SCP. Depois foi trabalhar para a empresa SCB. Presumo que naquele primeiro ano terá construído relações de companheirismo, talvez até de amizade, com os seus colegas - algo até potenciado pela sociabilidade típica da sua actividade, desporto colectivo em equipa de topo, envolvendo jovens em constantes estágios e deslocações. Ao fim deste ano e meio os seus colegas iniciais aprestam-se a uma conquista rara e muito desejada. Na qual ele participou. Isso não só lhe trará a satisfação de ver os seus pretéritos companheiros bem-sucedidos como lhe dará a ele próprio recompensas: estatutárias (tem a possibilidade de se tornar campeão). E porventura até económicas, pois admito a hipótese de ainda receber o prémio devido se tal conquista acontecer. Mais, esse hipotético sucesso da empresa SCP, com a qual Sporar ainda tem contrato laboral, nada prejudica o seu actual empregador.
Dito tudo isto: numa rede social Sporar saúda um seu ex-colega que celebra um triunfo. E o patronato multa-o! Pode-se dizer que estes rapazes ganham muito, pode-se aventar que a multa até será simbólica, pouco relevante para as quantias que um futebolista internacional recebe. Mas isso não é o relevante. Pois isto é inacreditável. Estamos em 2021 e um homem é multado porque saúda a alegria dos colegas e o resultado do que foi também o seu trabalho. Portugal 2021. E o pessoal encolhe os ombros...