O exemplo de Robson
Há muito, muito tempo, o Sporting recebeu, em casa, o modesto Fátima (da então 2ª divisão B), em partida a contar para os oitavos-de-final da Taça de Portugal.
Esperava-se um jogo tranquilo, onde o maior poderio da equipa leonina, que se apresentava na sua máxima força, não deixaria de confirmar a larga diferença competitiva entre as duas equipas.
No entanto, os milhares de adeptos que se deslocaram a Alvalade naquela tarde de sábado, e se preparavam para assistir a uma partida de resolução fácil, acabaram por se deparar com um Sporting displicente e pouco aplicado, que venceu o jogo (3-2) mas não convenceu nada.
Bobby Robson, que treinava então o Sporting, não esteve de modas e no final da partida obrigou os jogadores a darem umas voltas ao campo. Não esperou pela conferência de imprensa para lamentar a exibição, ou pela palestra do treino seguinte para ralhar aos jogadores. No próprio estádio, e perante os seus adeptos, fez os jogadores suarem com umas corridas, já que os 90 minutos pareciam não ter sido suficientes.
Este raspanete de Robson, pela sua peculiaridade, marcou-me, e apesar de, para grande pena minha, nunca mais o ter visto ser replicado por outro treinador do Sporting, lembro-me amiúde dele quando o Sporting faz exibições que envergonham o seu nome.
Foi o caso de ontem, na partida que opôs as equipas B de Sporting e Porto. Estar a vencer por 3-0 na 2ª parte e permitir a recuperação do adversário não se admite. Bobby Robson não deixaria passar incólume um desfecho desses.