O erro de Varandas
Frederico Varandas vem agora queixar-se da falta de participação dos sócios na Assembleia-Geral que ontem, irresponsavelmente, chumbou o Orçamento do clube. Pelo segundo ano consecutivo.
Nem a pandemia, que trouxe brutais prejuízos à gestão das agremiações desportivas, desmobiliza a tropa de choque dos letais ao Sporting.
São só um por cento dos sócios, como ontem o presidente sublinhou em declarações aos sportinguistas após este chumbo.
Falou bem. Mas falou tarde e a más horas.
Este foi o erro de Varandas. Devia tê-lo feito antes, não depois.
Mas a culpa também é dele. Porque, como o José Cruz já salientou, esta assembleia-geral nunca devia ter sido convocada para um dia de semana, na macrocéfala capital: basta isto para desmobilizar os sócios.
E também porque ele não fez, como se impunha, um apelo geral à mobilização dos sportinguistas. Para evitar que o Clube continue refém dos tais 400 que farão tudo para condenar o Sporting ao fracasso.
Esta minoria activa - cada vez mais mobilizada à medida que se vai reduzindo, como acontece com os negacionistas anti-vacinas e quaisquer outros activistas de seitas fanáticas - declarou guerra sem quartel à Direcção leonina.
Nem a pandemia a travou.
Nem as conquistas no futebol e nas modalidades conseguiram desmobilizá-la.
Enquanto no Benfica, que nada venceu na época passada, os sócios manifestaram há dias uma prova de confiança à direcção.
Se em tempos normais já é difícil gerir um clube sem orçamento, muito pior é ver as finanças leoninas à mercê dos duodécimos de 2019 nesta era de crise global no futebol.
Espanto-me de ver pessoas inteligentes e que se dizem fervorosas sportinguistas congratularem-se com este chumbo, tal como aconteceu há um ano. Rendidas à legião do Mustafá, que só por um triz não chumbou também algo que devia merecer apoio unânime dos sócios: a atribuição às portas do Estádio José Alvalade destes nomes ilustres - Damas, Hilário, Stromp, Jordão, Cinco Violinos, Yazalde e Manuel Fernandes.
Concretizo, para que fique lavrado em acta neste blogue: um número impressionante de letais - 44,6% - votou contra Damas, Hilário, Jordão, Yazalde, Manuel Fernandes, Stromp, Jesus Correia, Albano, Vasques, Travassos, Peyroteo.
Quem faz isto é capaz de tudo.
O que só acentua o erro cometido pelo Conselho Directivo do Sporting. «Temos os estatutos e vamos cumpri-los, mas é altura de a grande massa associativa do Sporting pensar o que quer para o clube», diz Varandas.
Falou bem, mas falou tarde. Foi incapaz de mobilizar os sócios anti-seita. Que somos quase todos nós, larguíssima maioria.
Estes erros pagam-se caro.
Por mim, não tenho dúvidas: rejeito um Sporting dominado pelos letais. Nesse combate marcarei sempre presença, como aconteceu até agora.