O dinheiro ou os títulos?
Com o título da Liga fora de cogitação, o segundo lugar muito longe e, parece-me, quase impossível (ainda que haja uma réstia de esperança, ténue, contudo), resta à equipa manter e assegurar este terceiro lugar e conquistar a Taça de Portugal.
Ora, nesta perspectiva, o título que utilizo não fará grande sentido, provavelmente, uma vez que perdidos os lugares que dão acesso directo à Liga dos Campeões e aos milhões, o dinheiro, esse dinheiro do "prémio" de acesso, não entrará nos cofres do Clube.
Restará então uma única opção, o título único a que ainda podemos almejar, a Taça de Portugal.
Será contudo este título (com prestígio, é certo, mas não é O almejado campeonato) suficiente para satisfazer a fome de sócios e adeptos?
Bom, é certo que passando a pré-eliminatória (o que não está minimamente garantido), lá chegaremos aos milhões e garantiremos dinheiro e um título, o que para quem esteve à beira da falência, até nem será mau de todo.
E, na hipótese (também plausível) de não vencermos a Taça de Portugal, será que esses milhões calarão os sócios e adeptos?
E pode ainda acontecer que, no pior cenário possível, nem conquistemos a Taça, nem o acesso à Liga dos Campeões. Conformar-se-ão os sócios e adeptos se nem uma coisa, nem outra, acontecerem?
Mais importante ainda, resistirá o Clube a este falhanço desportivo?
É certo que o mais importante neste momento continua a ser conseguir a estabilidade económico-financeira e essa meta ainda está longe de ser atingida. Contudo, se é certo que um Clube como o Sporting se alimenta de títulos, o seu bem mais precioso são os sócios e adeptos. E são eles, acima de qualquer órgão, que irão garantir que a nau que está a ser conduzida chegará a bom porto.
É aos sócios e adeptos que o Clube vai ter que ir buscar forças, como tem vindo a acontecer ao longo da sua história de 109 anos, para sobreviver à míngua de títulos no futebol, que é a modalidade que suscita mais e maiores paixões, e à falta de dinheiro para contratar mais qualidade e segurar os jovens da formação.
Eu confesso que sou adepto da estabilidade. Claro que me daria muito prazer conquistar títulos, ir todos os anos para o Marquês, mas a que preço? não me esqueço que o Clube esteve falido num passado muito recente e que poderia ter desaparecido (e sem títulos!).
Confio plenamente que o caminho que está a ser trilhado, apostando na recuperação financeira e na academia, nos trará dinheiro e títulos. O dinheiro que nos permitirá segurar as jóias da academia e construir equipas muito mais competitivas que conquistarão os títulos que todos desejamos.
As casas começam a construir-se pelos alicerces.