O dia seguinte
Sem sofrimento não existem campeões. Quem pensa o contrário percebe mesmo pouco do futebol que se joga no estádio, se calhar com o entendimento moldado pela Tv ou Internet.
O sofrimento tende a aumentar exponencialmente em jogos inseridos em sequências bi-semanais de diferentes competições, com cartões e condições físicas para gerir, em que o essencial é ganhar com o mínimo de desgaste e consequências para os jogos seguintes.
Para este jogo com um Sp. Farense que nos tornou a vida bem difícil no jogo da 1.ª volta, o Sporting vinha dum desgastante dérbi para a Taça de Portugal, tinha cinco jogadores à beira de exclusão para Arouca por cartões amarelos e disputará a eliminatória da Liga Europa com o Atalanta três dias depois.
E ganhou por 3-2, sem amarelos a registar, dando palco a jogadores vindos de lesão como St. Juste, Trincão e Paulinho, e descansando jogadores como Coates, Morita e Hjulmand, e tendo de recorrer ao guarda-redes suplente, Israel.
Excelente! Tudo o resto é acessório.
Qual é o resto?
Uma primeira parte marcada pelo desperdício ou falta de sorte atacante, com dois golos, duas bolas nos ferros e outras que mereciam melhor sorte, tendo o adversário feito dois remates excelentes de fora da área. Um deu golo, o outro não entrou porque não calhou.
Uma segunda parte em que o Sp. Farense, duma boa jogada, sacou um livre perigoso, dum livre um canto em que a (improvisada) linha defensiva do Sporting cedeu e empatou. Logo a seguir uma ida à linha e golo de Pedro Gonçalves. Recuperada a vantagem, foi tempo de recompor a defesa e gerir o resultado. As entradas de Coates, Morita e Quaresma revelaram-se determinantes para segurar a vitória.
Melhor em campo nos 90 minutos? Daniel Bragança, um belo bolo e sempre em alta rotação, finalmente a correr para trás o que corre para a frente. Esgaio muito bem hoje também, melhor do que Nuno Santos do outro lado.
Arbitragem? Impecável. Um árbitro que começou muito mal na alta roda mas conseguiu dar a volta ao texto, transformou arrogância em assertividade, e valoriza o jogo deixando jogar sem faltas e faltinhas.
E agora? Para quarta-feira, a gamebox já está carregada para o efeito.
E depois? Arouca, onde espero estar.
E os outros? Benfica perde em Alvalade e é goleado no Dragão. O Atalanta empatou com o Milão, perdeu 4-0 contra o Inter, e perdeu em casa com o Bologna. Isto é garantia de alguma coisa de bom? Não, mas mal não faz, como se diz algures no Brasil "pimenta no cu do outro é refresco".
Rúben Amorim, na conferência de imprensa, veio dizer o seguinte: “Alguma ineficácia da nossa equipa, foram praticamente três ataques em que o Farense fez dois golos, estamos nessa fase. Fomos falhando golos com um bom ritmo e uma boa dinâmica, mas falhámos, outra vez, muitos golos. Na segunda parte controlámos mais sem bola, poderia falar na nossa definição quando ganhámos na bola rápido, faltou-nos o último passe. Mas os jogadores estão a dar tudo, alguns não têm mais para dar nesta sequência de jogos. Foi uma vitória justa." É mesmo difícil não concordar com ele...
SL