O dia seguinte
No último dos jogos de preparação o Sporting perdeu com o Everton no seu estádio de Liverpool por 1-0. Com Genk, Real Sociedad e Vilarreal foram 2V,1E,1D com equipas das primeiras Ligas da Bélgica, Espanha e Inglaterra, equipas chatas e durinhas, excelentes para identificar os pontos fracos do modelo e do plantel de acordo com os objectivos desta temporada sem presença na Champions.
Sem Coates, Paulinho e Nuno Santos, e debaixo de chuva constante, o onze colocado por Rúben Amorim em campo deixava a desejar do ponto de vista físico, com os baixinhos e macios Bragança e Morita muito juntos no miolo, um Catamo falso extremo que pouco defendia na ala direita, e dois interiores também eles semelhantes fisicamente. A falta de poder de choque no meio-campo deixava Quaresma entregue à sua sorte e os dois outros centrais em trabalhos forçados em lances iniciados nas costas de Catamo. Do outro lado, um Matheus Reis mais recuado e um Pedro Gonçalves deambulando pela zona central deixava toda a ala para as arrancadas de Viktor, tarefa que o esgotou precocemente. Trincão tentava sem grande sucesso ser a cola daquilo tudo, ajudando a defender na esquerda e a transportar a bola pelo centro.
Com isto uma primeira parte de oportunidades para os dois lados, as maiores do Sporting por Pedro Gonçalves e Catamo, e um penálti duvidoso a fechar a primeira parte de Quaresma, julgado sem recurso ao VAR para perceber se houve remate contra o braço, ou um ressalto do corpo para o braço.
Na segunda parte o Everton apertou ainda mais no meio-campo. O Sporting passou por dificuldades, a perder bolas que davam contra-ataques perigosos, com Morita "de cadeirinha" a marcar com os olhos e Bragança a trote atrás de médios adversários a galope. No ataque, com o sueco já sem a mesma disponibilidade, os lances eram resolvidos com centros por alto a que Pickford e a sua defesa chamavam um figo.
Vieram então as substituições. Saiu todo o lado direito do onze: Catamo, Quaresma, Trincão e Bragança. Esgaio e Edwards equilibraram o jogo desse lado e com Afonso Moreira muito activo do outro, tudo foi diferente. As oportunidades começaram a surgir, Pedro acertou na barra e Afonso teve dois remates que mereciam melhor sorte.
Se dúvidas ainda existissem, este jogo tornou evidente a falta dum 6 fisicamente possante que faça esquecer Palhinha. Deixou de haver saída a jogar desde o guarda-redes atraindo os avançados contrários para ganhar espaço atrás deles, passou a haver a intenção de colocar a bola rapidamente no sueco para com as suas arrancadas desestabilizar a defesa contrária e ajudar a surgirem os espaços por onde aparecerão Pedro Gonçalves e Trincão a rematar ao golo.
Mas se a bola rapidamente chega ao ataque, tambem rapidamente pode voltar e o meio-campo tem de ter capacidade de parar as iniciativas do adversário, preferencialmente sem falta e em zonas distantes da linha defensiva. Morita e Daniel Bragança, se individualmente já têm grandes carências a esse nível, como dupla não servem de todo.
Imaginando que chega o tal 6, dinamarquês ou brasileiro, e "pega de estaca", o resto do onze titular está mais ou menos definido. Com Pedro Gonçalves a médio ou a avançado, e Paulinho a entrar para o lado do sueco, conforme os adversários e o momento do jogo:
Adán; Diomande, Coates e Inácio; Esgaio, o tal 6, Pedro Gonçalves e Nuno Santos; Edwards, Viktor e Trincão.
Na retaguarda todos os outros, mas Afonso Moreira é mesmo craque.
Sem lesões a atrapalhar não estaria nada mal. Com mais um 6/8, melhor ainda, já que um St.Juste recuperado terá sempre lugar no onze, mesmo que na ala direita. Quem quiser perceber porquê basta rever o Arsenal-Sporting.
SL