O dia seguinte
O resumo do dérbi de ontem é simples:
Uma primeira parte muito bem preparada por Rúben Amorim e executada pela equipa, com domínio total sobre o Benfica, um Israel em descanso e um 2-0 inteiramente merecido.
Uma segunda parte com o Benfica a correr e pressionar e o Sporting a encostar atrás, cada vez com mais dificuldade a sair a jogar, o 2-1 acontece por volta dos 70 minutos, as substituições foram ocorrendo dos dois lados, com vantagem para o Benfica, e o jogo ficou numa corda bamba, entre o 3-1 e o 2-2. Acabou por acontecer o 2-2, num lance em que Coates sofre uma carga dum jogador que sai de posição de fora de jogo. Mais uma Pinheirada.
Melhor em campo? Ugarte, mesmo com aquele passe para golo desperdiçado. Dos suplentes, Bellerín demonstrou a sua qualidade.
Quem viu este jogo e viu todos os outros do Sporting, como eu, encontra facilmente as razões para o relativo insucesso desta época:
1. A falta que fez Matheus Nunes. Se num 8, ou box-to-box, a capacidade física é fundamental, a diferença entre Matheus e Morita é abissal. Enquanto o primeiro aguentava a bom ritmo 120 minutos se preciso fosse, Morita "fica" no intervalo. Pior que isso, enquanto o primeiro passava toda uma temporada sem lesões, com o japonês, também pelos compromissos com a sua selecção, não é assim. E depois, quando não está disponível, recua Pedro Gonçalves, ou seja destrói-se fisicamente o melhor jogador e melhor avançado do plantel, com impacto directo no seu instinto goleador. Ontem Morita desapareceu na 2.ª parte, o suplente Tanlongo está na selecção argentina de sub20, Sotiris não se adaptou, Daniel Bragança cumpre a sua penosa via-sacra, sobrou hoje um Essugo ainda muito verde para estas andanças.
2. A falta que fez um Bölöni. O livro que publicou descreve o processo e todos os que treinaram com ele confirmam, ainda agora Paito confessou isso, o cuidado que o romeno colocou na preparação física e que esteve na base do sucesso da temporada. Neste plantel do Sporting há demasiados jogadores que não aguentam os 90 minutos a bom ritmo, como Morita, Trincão e Edwards, e este Benfica treinado por um alemão tipo Bölöni, que foi pondo toda a carne no assador, pôs isso a nu. Muito tinha a ganhar Amorim com um Bölöni a seu lado.
3. A falta que fez um "artilheiro". Se Paulinho, muito castigado pelas lesões, esteve muito abaixo do que pode e sabe, Pedro Gonçalves a mesma coisa pelos motivos atrás referidos. Ontem um e outro, pela enésima vez esta época, falharam golos que não se podem falhar. Que custaram muito em termos da temporada.
Concluindo, soube a pouco este empate concedido ao cair do pano ao futuro campeão nacional. Mas não foi nos jogos com os grandes que perdemos a temporada, foi mesmo com os pequenos.
SL