O dia seguinte
Ainda não foi desta que Rúben Amorim engrossou a lista dos treinadores despedidos no Sporting, e por mim nunca o será. A forma como soube encarar esta crise de resultados da qual ele é o primeiro responsável apenas fez reforçar esta minha convicção. Mas para isso acontecer é preciso que os jogadores continuem a acreditar no treinador e no modelo de jogo proposto, e ontem eles demonstraram mais uma vez isso mesmo, correndo e lutando os 90 minutos com enorme garra.
Como podem comprovar aqueles que vão lendo o que escrevo, nunca concordei com aqueles que dizem que Amorim é teimoso e não tem plano B. Seguindo a ideia do Sporting ser cada vez mais uma equipa grande no terreno de jogo, o treinador tem ido atrás de variantes do 3-4-3 bem diferentes umas das outras, do malfadado ataque móvel de Arouca com Pedro Gonçalves no meio-campo para este de Alvalade com Morita a encostar-se à linha ofensiva, a forma de atacar foi bem diferente.
Grande jogo ontem em Alvalade. Muita pena de não ter podido lá estar, ver na TV não é a mesma coisa. Equipa muito bem distribuída no terreno, intensidade, velocidade de execução, desmarcações constantes na linha ofensiva, centros em diagonal bem feitos, perigo constante na pequena área adversária.
Claro que a expulsão mais que justa do jogador do V.Guimarães aos 22 minutos, ainda com 0-0, a que Amorim reagiu trocando Nazinho, que até estava em bom plano, e a passagem de Arthur para ala, tornou tudo mais fácil, mas só mesmo um grande falhanço de Pedro Gonçalves e muito azar de Morita não tinham já dado golo.
E logo depois veio um grande golo, com Matheus Reis a entrar nas costas de Arthur, a sentar o defesa contrário e a centrar excelentemente ao segundo poste para Porro concluir de cabeça.
A partir daí o jogo não teve história. O V.Guimarães defendia com nove junto ao seu guarda-redes, o Sporting atacava sem cessar, os cantos sucediam-se, dum deles a bola sobrou para Edwards que progrediu muito bem naquele seu jeito que ninguém entende o que dali vai sair e assistiu excelentemente o Morita ao segundo poste para novo golo.
Com o jogo resolvido ao intervalo, Amorim aproveitou a 2.ª parte para moralizar algumas das aquisições mais criticadas esta época. Assim Rochinha, Trincão, Sotiris e St.Juste tiveram oportunidade para se destacar. Não que o tenham conseguido. Trincão ofereceu um golo desperdiçado a Pedro Gonçalves, mas apenas isso.
O jogo não terminou sem um remate feliz de Edwards que deu o terceiro golo, e mais um golo invalidado a Paulinho por 43 cms, que seria o tal "golo à ponta de lança" que teimam que ele é incapaz de fazer.
Belo jogo, bom resultado, sem lesões a assinalar, tudo bem menos a falta de golo de Pedro Gonçalves, da qual se calhar o maior culpado é Amorim pelas razões conhecidas. A polivalência é um conceito muito interessante, mas a especialização também, e trocar o "pote de ouro" da equipa por mais um "pote de cobre" não faz sentido nenhum.
Melhor em campo? Edwards, obviamente.
E agora? Foi a quarta vitória nos últimos cinco jogos para a Liga, temos de ir à procura da quinta, em casa do sempre difícil Famalicão, para chegarmos à pausa a 4 ou menos pontos do Porto.
Depois se verá. Jogo a jogo iremos lá chegar.
SL