O dia seguinte
O Sporting teve ontem talvez o pior desempenho da era Amorim. Foi o regresso a um filme muito gasto que vimos anos a fio neste Alvalade e no outro, com o adversário nas cordas à beira do “knockout” conseguir perder completamente o controlo do jogo, encaixar duas “batatas” sem saber ler nem escrever e acabar o jogo num desconchavo total.
Mas as nuvens negras há muito pairavam no horizonte. A falta de soluções no plantel, a falta de kgs e cms no eixo central, a falta duma referência na área contrária, tudo isso foi fundamental no desfecho do jogo de ontem.
Quando cheguei a Alvalade e me dei conta do onze inicial logo torci o nariz a tantas alterações e questionei os mais próximos sobre se aquilo iria resultar. Se a de Porro por Esgaio era obrigatória, a de Matheus Reis por Nuno Santos sem a tal referência na área contrária levantava dúvidas, e o recuo de Pedro Gonçalves transformava o tal plano B num plano B+ qualquer nunca antes visto. Na prática eram 4 avançados no onze, um nas costas dos outros 3, com Ugarte sozinho na luta do meio-campo. E olhando para os suplentes via 2 guarda-redes (!), 4 putos, e apenas Morita e St.Juste a dar garantias de experiência e competência.
Mesmo assim, na 1.ª parte tudo parecia correr bem, o Sporting abafava o adversário que não conseguia sair a jogar, os quatro avançados entravam na defesa do Chaves como faca em manteiga quente, e só a falta de sorte de uns (Pedro Gonçalves e Inácio) e a inépcia de outros (Rochinha e Trincão) impedia que o Sporting chegasse ao intervalo com uma vantagem confortável.
Para o 2.º tempo esperava-se que o Sporting mantivesse a consistência defensiva e, sabendo que Ugarte tinha sido injustamente amarelado, reforçasse o meio-campo com Morita devolvendo Pedro Gonçalves à sua posição habitual. Mais tarde ou mais cedo a bola iria entrar na baliza do Chaves e acabávamos com o 1-0 do costume.
Amorim fez o contrário.
Com a troca de Neto por Matheus Reis e um Chaves muito mais assertivo na 2.ª parte, o Sporting perdeu toda a consistência defensiva que vinha exibindo, defesa e ala foram-se atrapalhando um ao outro dos dois lados do campo, primeiro surgiu um aviso sério que Adán milagrosamente defendeu, depois um cabeceamento inacreditável sem oposição (era o Trincão que lá estava mais uma vez?) do “canadiano” Vitória e mais um golo caricato em que Inácio tem uma paragem cerebral. Este, já depois da saída do garante de equilíbrio defensivo da equipa, Ugarte. Com essa substituição veio mesmo o descalabro completo da equipa. Depois foi sempre de mal a pior, com um Coates plantado no meio dos defensores contrários, e Rodrigo Ribeiro e St. Juste atirados para a fogueira sem argumentos para acrescentar seja o que for.
Enfim, não vale a pena dizer mais nada para não dizer asneiras.
E agora?
Bom, agora eu se fosse o presidente reunia-me com Amorim para tratar da renovação do contrato e acordar com ele o reforço imediato da equipa, a começar no ponta de lança, e o alinhamento da política de comunicação do futebol do Sporting, a começar também por nem mais uma palavra sobre Slimani ou sobre finanças e orçamentos.
Apenas com estabilidade e confiança vamos ter sucesso. Todos sabemos o que se passou com Keizer e de certeza que não queremos voltar ao mesmo.
Acho que é simples a solução. Agora é fazer.
SL