O dia seguinte
O Sporting sofreu ontem no Dragão uma derrota pesada, por números que não fazem justiça ao desempenho e à atitude demonstradas pela equipa em campo. O Sporting acaba por perder por 3-0 num jogo em que teve o mesmo número de oportunidades que o adversário, quatro, mas enquanto dum lado Diogo Costa fez três grandes defesas e o poste resolveu a restante, do outro Adán fez talvez a pior a exibição desde que chegou ao Sporting, disputando atrasado os três lances que deram golos e sem capacidade de resolver a situação criada nos dois penáltis.
De qualquer forma, num estádio lotado duma massa adepta vibrante e muito alinhada com o “futewrestling” do Conceição, o Porto sempre se mostrou confortável no jogo e com argumentos que o poderiam conduzir à vitória. Foram um onze muito entrosado de jogadores que transitaram da época passada, a permanente vontade de conduzir o jogo para duelos físicos constantes, a teatralização dos lances e a permanente pressão sobre a equipa de arbitragem para arrancar amarelos e expulsões, a muito bem trabalhada exploração das bolas paradas ofensivas.
Ao Sporting sempre faltou capacidade física para equilibrar a situação no eixo central, nenhum dos três avançados defendia lá na frente como o faziam os dois do Porto, os dois médios cedo ficaram limitados pelos amarelos, nas bolas paradas o Pepe ao segundo poste era marcado por Trincão e esteve quase a acontecer o que aconteceu em Braga. Uma coisa é entrarmos em campo com Paulinho e Palhinha, outra coisa bem diferente com Edwards e Morita. Só não vê quem não quer.
Além disso, a falta dum ponta de lança é determinante no processo ofensivo da equipa. Não existe jogo aéreo ofensivo, os defesas centrais contrários ficam sem ninguém para lhes condicionar os movimentos, e os nossos avançados a desgastar-se muitas vezes ingloriamente em slaloms individuais, tentando entrar na defesa contrária com a bola dominada.
Se lá no Dragão, a sete filas do relvado, fiquei com sérias dúvidas sobre os lances capitais, revendo pela TV já em casa tenho de aceitar a decisão dum árbitro que “já virou muitos frangos” e não precisou de repetir a vergonhosa actuação do seu colega de Braga João Pinheiro para que a equipa da casa ganhasse.
Esteve bem também na gestão do empurrão de Matheus Reis a uma criança apanha-bolas já bem “instruída” na escola da batotice que o obstruiu na tentativa de marcar rápido uma reposição de bola pela linha lateral, aproveitada pelo Pepe para uns minutos depois tentar armar outra peixeirada ao seu jeito.
Ver a selecção de Portugal entrar em campo com expoentes do anti-desportivismo como Pepe e Otávio realmente custa muito, mas é o que temos. Se calhar é melhor não protestar muito, senão o Fernando Santos ainda naturaliza o Taremi.
Concluindo, o Sporting até teve um desempenho bem razoável no Dragão mas isso não chegou para impedir a derrota e segue já a 5 pontos do Porto. Mas também já passou por dois dos mais difíceis estádios da Liga e continua a poder reverter a situação em Alvalade.
O grande problema é a extrema falta de recursos do plantel. Ontem foram a jogo todos os seniores não lesionados com excepção de Esgaio e Jovane, e… não há mais ninguém.
Morita não aguenta 90 minutos, Ugarte joga sempre no limite do amarelo, médios no banco… ninguém. Saiu Morita, recuou o goleador quando o que era preciso era marcar golos. E lá voltámos a ver Coates a fazer o que não deve, abandonar a defesa e tentar o impossível.
Uma palavra final para Rúben Amorim. Precisará com certeza de rever determinadas situações técnicas e tácticas, mas continua a demonstrar toda a sua enorme capacidade enquanto treinador.
A grande questão é que o plantel é curto, muito curto. Já o era com Tabata e Matheus Nunes, sem eles ainda o é muito mais. E não cabe a Amorim justificar o injustificável, será sempre ele o primeiro a ser responsabilizado. Reforços, precisam-se. Para ontem.
SL