O dia seguinte
Mais uma vez estávamos a dominar o Porto, mais uma vez estavámos em vantagem no marcador, mais uma vez levámos uma martelada arbitral agora sobre a forma dum penálti, mais uma vez perdemos o controlo das operações, e mais uma vez tivemos que aturar um mafioso Conceição no final a divagar se o resultado justo seria por 3 ou por 4. Quando esse senhor se fizer à vida, deixar de andar ao colo e começar a caminhar pelos próprios pés é que se vai perceber o que vale enquanto treinador. Basta ver o que valia antes de ter chegado ao Porto. Muito pouco.
Sobre o jogo, o Sporting entrou com a melhor equipa disponível mas a questão é que disponíveis fisica e mentalmente estão cada vez menos. E assim foi uma equipa a gasóleo, empenhada mas sem chispa, a que passou toda a primeira parte a defender bem mas a desperdiçar todas as situações de contra-ataque de que dispôs. Nuno Santos esmerou-se nesse aspecto e merecidamente ficou nas cabinas ao intervalo. Matheus Nunes falhou por muito pouco um golo que seria um golão mas assim foi coisa nenhuma.
Veio a segunda parte com um inadaptado Edwards em vez dum momentaneamente incapaz Nuno Santos (que se passa, ainda estás a pensar no que fizeste no Funchal? Esquece lá isso...) com a equipa a jogar ainda pior, mas um enorme remate de Sarabia colocou o Sporting em vantagem.
Enquanto a equipa assentava ideias sobre aquilo que tinha de fazer, o Porto fez-se ao caminho e os dois artistas que jogam à frente ganharam espaço para os seus números. E se há equipas em que cada remate é um golo, com o Porto cada queda é um penálti.
O Sporting sentiu por demais a injustiça da coisa. Vieram três jogadores frescos do banco do Porto, logo marcaram o segundo golo e depois disso o jogo acabou. O Sporting tinha perdido toda a sua ideia de jogo, era tudo na base do coração e nada da cabeça, Slimani e Bragança entraram mas nada resolveram.
Vamos para o Dragão daqui a mês e meio disputar o acesso ao Jamor com uma desvantagem de um golo para recuperar.
Pode ser que nessa altura estejamos melhor que agora. Menos castigos, menos lesões, menos fadiga, menos guerrilha interna nas bancadas e nas redes sociais, mais estabilidade, mais frescura, mais confiança, mais rendimento de Slimani e Edwards. E logo se verá o que acontece.
O melhor treinador da 1.ª Liga é do Sporting e chama-se Rúben Amorim. Mas é jovem e ainda tem muito que aprender. Não apenas em termos de táctica e estratégia de jogo, mas muito em particular em termos de treino comportamental. Pena que o mestre Roger Spry já não vá para novo, ainda o podia bem ajudar, o nosso Manuel Fernandes poderia falar com experiência de causa dos treinos de guerra em Setúbal e dos chapadões na cara para endurance que fizeram furor. Mas ouvi dizer que Amorim, também ele, é praticante de artes marciais e por isso perceberá o que quero dizer.
Há muito para progredir no Sporting em termos de resiliência e autocontrolo, de saber jogar com o árbitro e não contra ele, por muito medíocre e mafioso que seja, de aproveitar os excessos do adversário em nosso proveito e não em nosso prejuízo.
#JogoAJogo
SL