O dia seguinte
O Sporting-Manchester City foi um jogo em que entrámos muito bem e esteve ao nível da talvez melhor equipa do mundo, que conta com o talvez melhor treinador do mundo, que está junta talvez o maior tempo do mundo, e que tem o talvez maior orçamento do mundo. Isso durou uns... 7 minutos.
Depois veio o primeiro golo, fruto da concentração duns e desconcentração doutros, e a equipa abanou e estrebuchou. Uns minutos depois veio o segundo, um pouco ao mesmo estilo - se o primeiro teve um grande passe de De Bruyne - o segundo resultou dum grande remate do Bernardo Silva - e a equipa foi mesmo ao tapete. O jogo perdido, a classe da equipa contrária, o desgaste tremendo da ida ao Dragão, tudo tem limites e os da equipa tinham sido ultrapassados.
Chegados aqui podia-se questionar muita coisa, a teimosia de Rúben Amorim no 3-4-3, um Esgaio à esquerda completamente ineficaz, um Pedro Gonçalves completamente fora daquilo que deixava Porro ao abandono e fazia do lado direito do Sporting uma auto-estrada sem portagem para o City, um Paulinho que em vez de influente pivot fazia de inútil pinheiro, até a qualidade dos pitons das botas de Coates e Matheus Reis. Mas o que ficava daquilo tudo era o resultado, 0-4 em casa e com tendência para dobrar no segundo tempo.
O intervalo fez bem ao Sporting, e a troca de Pedro Gonçalves por Ugarte logo depois do (excelente) golo anulado ao Bernardo Silva ainda fez melhor. Chegámos ao duplo trinco com Matheus Nunes mais avançado que penso ser o melhor sistema para defrontar adversários como este, e apenas um enorme remate de Sterling - do sítio onde estava pude apreciar toda a beleza daquele remate ao ângulo - fez mudar o score.
Acabámos o jogo a perder por 5-0 mas com todo o estádio, bem puxado pela Juve Leo (hoje merecem todos os parabéns), a cantar a plenos pulmões, em plena comunhão com a equipa, a celebrar o Sportinguismo e o Sporting Clube de Portugal. "Hoje é dia de jogo"... "Nós acreditamos em vocês"...
Que balanço fazer disto tudo?
Mais do que outra coisa, e no que respeita a futebol dentro do campo, este Man. City é tudo aquilo que o Sporting quer ser. Construção desde trás, circulação de bola, controlo do jogo, reacção à perda, variação rápida de flanco, aceleração pelas alas, últimos passes de eleição, remates mortíferos. Uma máquina montada por Guardiola muito bem oleada e extremamente rodada na exigente Premier League. Diziam que o onze inicial mais o Guardiola tem em média quatro anos de casa... E o Sporting quantos tem? Juntando-se a isso um plantel quatro vezes mais valioso que o do Sporting, tem-se ideia do diferencial de capacidades dum e doutro lado.
Fora do campo, pode-se também questionar como estaria o Sporting se tivesse como dono um tal Mansour Bin Zayed Al Nahyal da família real do Abu Dhabi e que controla também os Emirados Árabes Unidos. Ou algum irmão... Ou primo... A SAD do Sporting, em vez de contar com gente deste calibre, apenas conta com um maltratado Sobrinho e uns micro-inúteis investidores que nada acrescentam. Mas para ter dono e perder por 2, prefiro ser livre e perder por 5.
Por outro lado, na Champions o Sporting já atingiu os seus objectivos, a Supertaça e a Taça da Liga são nossas, na Liga e na Taça de Portugal o adversário é o FC Porto e... que nada tem a ver com o Man.City, nós somos claramente melhores do que eles... em futebol.
Importa então que Amorim e plantel descansem física e mentalmente, que tirem o melhor proveito da lição que este Man.City veio dar a Alvalade, que o trio dianteiro recupere a capacidade colectiva e individual de tempos atrás, e siga jogo a jogo rumo a tudo de bom a que temos ainda direito esta temporada.
Melhor em campo? Matheus Nunes, único que se exibiu a nível Champions. O único que mostrou condições para no próximo ano estar do outro lado.
Por último, gostei muito da entrada de Tabata. O Sporting não deixa ninguém para trás. Honra aos heróis do Dragão.
PS1: Mas que raio se passa com os pitons das botas dos jogadores do Sporting??? Depois da relva, agora são os pitons???
PS2: Que grande arbitragem do sérvio, nível Champions, sóbrio e assertivo, sempre a deixar o jogo correr, desvalorizando os contactos mas assinalando as infracções, nas antípodas dos medíocres arbitros "tugas", passar dum João Pinheiro para este sérvio, é passar duma tasca ordinária para um restaurante 5 estrelas...
#JogoAJogo
SL