O dia seguinte
Lá em Alvalade onde eu estava, bem de frente para a saída dos jogadores para o intervalo, a ideia que me ficava era que desta vez iríamos voltar aos velhos tempos: sair de Alvalade vergados por uma derrota completamente estúpida, no final dum ano e quase ao final da primeira volta.
Uma primeira parte onde o Sporting até começou em grande estilo mas sempre desequilibrado, um lado esquerdo com Matheus Reis e Nuno Santos a combinar na perfeição, e ainda com Matheus Nunes e Pedro Gonçalves no jogo interior a criar linhas de passe que confundiam a defesa contrária, um lado direito muito pífio, com Esgaio, Sarabia e até Palhinha completamente desinspirados. E todo o esforço ofensivo esbarrava num 6-3-1 muito elástico do Portimonense, que construia uma muralha no momento defensivo e saltava para o ataque de forma muito objectiva, com um internacional japonês realmente doutro patamar. Além disso, Pedro Gonçalves e Sarabia estavam completamente desinspirados no remate, as bolas saíam todas à figura, parecia que se rematassem 50 vezes acertavam no guarda-redes as mesmas 50.
O Sporting entrou na segunda parte com vontade de dar a volta à situação. O lado direito começou a funcionar, mas a bola teimava em não entrar. Rúben decide mexer, tirou um Palhinha a recuperar a forma perdida para meter um Bragança com a força toda. Mas, antes de se poder apreciar a justeza da decisão, Matheus Reis foi por ali fora e provocou a expulsão do capitão adversário.
Assim se decidiu o encontro. A partir daí houve mais espaço no meio-campo, Bragança tomou a batuta, Geny Catamo substituiu com vantagem Esgaio na direita, Nuno Santos desfez o lado direito contrário, as bolas pingaram na área e Paulinho, que até aí estava a um nível sofrível, fez um "hat trick".
Depois do 3-1 o jogo parecia terminado, mas o Portimonense ainda teve ânimo para falhar por pouco um golo de cabeça e pouco depois marcar um daqueles golos que uns dizem grandes, e outros chamam "chouriço".
Se calhar acabou direito por linhas tortas. O 3-2 final representa bem o que foi o jogo: um Sporting superior mas com muitas dificuldades em lidar com um muito bem organizado adversário, que além do que jogou não se coibiu das palhaçadas do costume, simulação de lesões para quebrar o ritmo do Sporting e teatralização de contactos para provocar faltas e cartões por parte do árbitro.
Se calhar para Paulo Sérgio tudo isso são as ferramentas do seu ofício, mas se calhar por isso Rúben Amorim é... Rúben Amorim e Paulo Sérgio é... Paulo Sérgio.
Falando do árbitro, a verdade é que fez uma excelente arbitragem, muito longe da mediocridade corporativista reinante cá no burgo. Deixou fluir o jogo, desvalorizou aproveitamentos de contactos, salvaguardou a sua autoridade, deixou o VAR decidir onde tinha que decidir, e fez o que podia nas palhaçadas, obrigando o jogador contrário a sair do campo e aguardando para lhe permitir a reentrada.
Não merecia a pateada ao intervalo. Quem não gosta desta arbitragem francamente não sei do que gosta, só se for do Tiago Martins ou do Luís Godinho.
Melhor em campo? Apesar do autogolo cometido no limite para impedir o golo adversário, Matheus Reis foi um canivete suiço extremamente eficiente, e esteve no lance capital, a expulsão do jogadior adversário.
Sobre Paulinho? Passou tanto tempo a trabalhar imenso e a lutar contra a sorte que mais que merece este "hat trick". Agora venham outros. Quem o critica por assistir em vez de rematar, que veja o terceiro golo...
E os outros? Estiveram bem e fizeram parte duma grande equipa, que vale muito mas muito mais do que o somatório das individualidades. Mérito do treinador, Rúben Amorim.
Assim chegámos ao final do ano a competir em todos os palcos. Vamos desfrutar com o Man. City dois belos jogos na Champions, se calhar disputar com o Benfica a Taça da Liga, com o Porto a Taça de Portugal e amanhã se verá como e com quem na Liga, sendo que pelo menos ficaremos com o máximo de pontos no final desta jornada.
Quando é que alguma vez estivemos em melhor situação ao encerrar o ano? Se alguém souber, pode dizer.
No meu tempo não foi, com certeza.
#OndeVaiUmVãoTodos
SL