O dia seguinte
O Sporting falhou ontem nos Barreiros um dos objectivos da temporada, a Taça de Portugal, e desta vez não tem de queixar-se da arbitragem nem de jogo sujo do adversário. Foi a 4.ª derrota de Rúben Amorim (Porto, Benfica, Lask, Marítimo) ao serviço do Sporting ao fim de muitos jogos, oxalá a média assim continue.
Entre o desgaste tremendo da Choupana e o embate com o Rio Ave na sexta-feira, o Sporting entrou em campo sem os melhores elementos mas a interpretar o mesmo modelo de jogo. Face a um Marítimo que tentou pressionar alto, teve uma primeira parte à altura, sempre agressivo na procura da profundidade e com duas oportunidades claras de golo, uma delas logo a abrir, na trave.
A 2.ª parte foi bem diferente. O Marítimo baixou as linhas e apostou no contra-ataque, os espaços desapareceram, e na falta dum ponta de lança de referência a circulação de bola tornou-se estéril, ao mesmo tempo que o Marítimo começava a ter espaço para articular jogadas e ameaçar.
Depois vieram os erros. Permitiu-se um desvio ao primeiro poste que ia dando golo, Neto fez mais um daqueles passes a queimar que levou à escorregadela de Palhinha, ataque perigoso pelo centro, Neto a deixar o avançado do Marítimo livre para acorrer ao meio (para quê ???) e golo, mais um desvio ao primeiro poste e outro golo.
As substituições pouco ajudaram. O problema não esteve tanto no desempenho individual dos que entraram (o erro principal até foi de Neto e Palhinha), de Max (sem hipóteses nos golos), de Plata (umas baldas menores a defender, mas deu dois golos a marcar), de Matheus Nunes (lutou muito a meio campo), de Borja (cumpriu) ou Tabata (quanto baste). Esteve na incapacidade colectiva de defrontar uma boa equipa que ganhou justamente. Primeiro porque os nossos pontos fracos são bem conhecidos e os adversários sabem aproveitá-los, depois porque muitos dos melhores e que têm resolvido os jogos ficaram de fora, e por último porque não há ponta de lança. E sem ponta de lança tipo Bas Dost ou Slimani (ou Taremi, que podia ter vindo e está a resolver no Porto) não há centros de primeira, não há aproveitamento de cantos, não há cavadelas de penáltis, o Nuno Santos não tem em quem pôr a bola quando vai à linha, e não há mais um a ajudar nos lances de bola parada adversária e impedir aqueles desvios ao primeiro poste. Nem sequer quem ponha a bola lá dentro a um metro da linha de golo, como não fez Sporar a passe de morte de Plata. E lá tem que ir o Coates fazer de ponta de lança. E se calhar é mesmo o jogador do plantel que melhor faz essa posição...
Falhado este objectivo importante, temos então de focar-nos no principal, o acesso à Champions. Temos um grande treinador e uma bela equipa, uma equipa em construção. Ontem alinharam Max, Plata, Tabata, Matheus Nunes, Tiago Tomás, Nuno Mendes, tudo sub-23: a equipa precisa de alguns retoques (tema que abordei noutro post) para estar em condições de lá chegar.
Está visto que não temos "cu para várias cadeiras". Vem aí a Taça da Liga, que devemos aproveitar para fazer crescer estes e outros jovens do plantel. O foco tem de ser a Liga: sexta-feira cá estaremos para apoiar ainda mais, mesmo que de longe, esta bela equipa e este grande treinador e ajudá-los a vencer.
#OndeVaiUmVãoTodos
SL