O dia seguinte
O melhor elogio que posso fazer a Rui Borges, e que nunca consegui fazer a João Pereira, é que o Sporting de ontem em Alvalade, perante um Nacional que ali montou um autocarro de três andares, parecia ser aquele de Rúben Amorim frente ao Casa Pia no mesmo estádio.
O mesmo ritmo pausado, a mesma obsessão pelo controlo, a prioridade à eficácia sobre o espectáculo. Agora num contexto de desgaste acumulado e de lesões que Amorim não teve tempo esta época para vivenciar.
Se calhar o futebol desejado de Rui Borges é o dos primeiros 10 minutos e não os dos outros 80, mas os campeões fazem-se com eficácia e controlo do desgaste, ou seja, com jogos como os dos outros 80.
Neste jogo, o Sporting foi sempre muito competente a construir e a recuperar a bola na perda, mas com muitos problemas pelo ritmo baixo em que caiu em ultrapassar uma defesa a 11 do Nacional que deixava poucos espaços, onde o centro ou o remate sempre se perdia na floresta de pernas contrária.
Foi preciso Trincão, agora na posição dele que o Catamo não está a merecer ocupar, ter um remate cruzado portentoso e conseguir um golo de bandeira no final da 1.ª parte para desbloquear o jogo.
A 2.ª parte ficou bem mais tranquila. O Nacional teve de jogar à bola e não investir na palhaçada à moda do Santa Clara, e jogando à bola sujeitou-se a perder por mais, o que esteve por acontece várias vezes antes do recém-entrado João Simões aproveitar um centro interceptado de Catamo.
Foram mais três pontos numa jornada em que o Benfica fracassou com o Casa Pia e o Porto vamos ver como acabará com o tal Santa Clara. E é o que mais interessa. Isto não está para jogar como nunca e perder como sempre, está para ganhar e logo se vê o resto.
Melhor em campo? Trincão, golaço. A sociedade dele com Fresneda tem muito por onde crescer, digamos que a dupla enquanto tal está a 10% do que pode render. Quenda e Maxi combinam muito melhor do outro lado.
Arbitragem? Tem enorme dificuldade em distinguir jogo duro leal do malandro e em protreger quem joga a bola, mas pelo menos não estragou o jogo, o que já não é mau.
E agora? Despachar o Bolonha na quarta-feira, que vem aí o Farense. Jogo a jogo.
PS: Mesmo sem os três ou quatro miúdos da B que foram suplentes ontem em Alvalade, João Pereira conseguiu com um empate nos Açores a passagem à fase de subida da Liga 3. Os meus parabéns a um treinador que com tempo no banco e na credenciação pode ter uma bela carreira apesar do fracasso recente que todos lamentamos.
SL