O dia seguinte
Foi o próprio João Pereira que introduziu o tema na flash interview do jogo com o Arsenal. O "erro de casting", pelo menos para mim (outros já tinham chegado a essa conclusão depois da derrota com o Arsenal, eu só fiquei com essa ideia no último jogo em Alvalade e confirmei hoje) está provado que foi isso mesmo.
Se estava bem definido o papel do sucessor imediato de Rúben Amorim como treinador no Sporting, João Pereira falhou rotundamente nesse papel, mesmo tendo em contra as faltas de Pedro Gonçalves e de Franco Israel, a falta de sorte, e não falta da canalhice APAF e da ANTF.
O papel do sucessor era manter o balneário unido e confiante e a máquina oleada a funcionar, e não pensar em mudanças de sistema táctico e de modelo de jogo ou de estatuto que desviassem a equipa do rumo da conquista do bicampeonato.
Embora o 3-4-3 se tenha mantido, o desenho do meio-campo atacante mudou completamente daquilo que existia com Ruben Amorim, com os interiores e os médios a jogar muito próximos num losango qualquer que ele imaginou, que encolhe o campo e propicia contra-ataques perigosíssimos ao adversário. Se Edwards esteve mal em Alvalade, Bragança e Trincão estiveram ainda pior hoje. Em quatro anos de Amorim contam-se pelos dedos duma mão os jogos que começaram com Bragança e mais dois médios, e jogos que terminassem com vitória se calhar nenhum. Que me recorde, mas posso estar enganado.
Depois vem a questão da confiança: parece estar tudo a jogar sobre brasas, a bola queima, os passes disparatados sucedem-se, uns para fora do campo, outros a solicitar uma desmarcação que não existiu. Mas que confiança os jogadores podem ter num treinador e numa equipa técnica inexperiente mas atrevida nas suas "ideias" e "engaiolada" à força no banco, sem voz de comando nem qualquer orientação nas bolas paradas (vide os dois golos do adversário)?
Isto num jogo em que o Sporting se colocou a ganhar sem saber como e que tinha tudo para controlar e ganhar confortavelmente.
Mais uma vez o adjunto de João Pereira veio falar dum jogo que ninguém viu. O Sporting teve o penálti, dois lances de cabeça na trave e um remate de Trincão que bateu na mão de Marcelo, e pouco mais. Podia ter marcado e até ganho, mas podia também ter perdido por mais, no descontrolo completo em que deixou que o jogo se desenrolasse.
Bom, se alguém tivesse vindo de não sei onde ver este jogo de Moreira de Cónegos e comparasse com o de Braga, não acredita que seja a mesma equipa. Mas é, só que a confiança passou do 80 para o 8, divididos entre respeitar o que disse o treinador e o que estavam habituados a fazer.
A melhor e mais valiosa equipa de Portugal transformou-se num bando perdido em campo. Mais uma vez se comprovou que "um fraco rei faz fraca a forte gente".
Melhor em campo? Mais uma vez ninguém. Zero. A Sport TV, numa tirada de humor negro, deu o prémio ao Kovacevic.
Arbitragem? A porcaria APAF do costume.
E agora? É preciso assumir o óbvio. Se o tiro falhou agora é corrigir a mira, se não for assim vamos ter dias complicados. Nem vale a pena desenvolver o tema, alguns mortos já ressuscitaram e os abutres começaram a pairar no céu.
Concluindo, o mundo sportinguista não precisava disto. E não vale a pena culpar Rúben Amorim, esse foi à vida dele e não volta, e ontem só não perdeu por 5-0 com o Arsenal porque (lá está) teve aquela sorte que o João Pereira não conhece.
SL