O Calabote do século XXI
Nunca é de mais lembrar um dos mais escandalosos roubos de que fomos vítimas. Aconteceu na final da Taça da Liga em 2009, quando um tal Lucílio Baptista - espécie de Inocêncio Calabote do século XXI - ofereceu de bandeja o título ao Benfica no momento em que inventou um penálti contra o Sporting e deu ordem de expulsão ao nosso lateral direito, Pedro Silva. Um penálti a pedido de um jogador encarnado, Di Maria, que logo levantou o polegar em sinal de agradecimento.
É instrutivo rever este vídeo para jamais esquecermos o obsceno nível de degradação a que chegou a descer a arbitragem em Portugal nesse tempo anterior ao VAR. Sob o irónico lema "limpinho, limpinho", imortalizado pelo neobenfiquista Jorge Jesus na sua primeira passagem pelo clube da Luz, onde nunca deixou de ser bafejado pelos apitadores de turno.
Neste caso concreto, lamento dizê-lo, a incompetência dolosa não foi apenas de Baptista: foi também dos jornalistas da SIC que narravam em directo esta final e que logo validaram a versão fraudulenta do herdeiro espiritual de Calabote. «Que é um facto que a bola bate na mão de Pedro Silva, é verdade: bate», apressou-se a declarar um deles. «A bola parece que bate claramente na mão esquerda do defesa do Sporting», corroborou o outro. Ambos coniventes com o atentado à verdade desportiva.
Não esqueçamos nunca. Porque estes (árbitros e jornalistas-comentadores) até já podem nem andar por aí, mas outros - pouco diferentes - tardam a sair de cena. Sempre prontos a embaciar a transparência desportiva ao serviço do emblema a que prestam vassalagem.
ADENDA: Alertado por um leitor, verifico que Baptista ainda anda por aí. Como vice-presidente da Secção de Classificações do Conselho de Arbitragem da FPF. Medalha por bons serviços?