Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

És a nossa Fé!

O anti-clímax: o fora-de-jogo pós-VAR

aguero.jpeg

Sei que a maioria dos visitantes deseja opiniões sobre a transferência do Bruno Fernandes. Mas o postal do Pedro Oliveira, que alude ao "falo" "teso" evocado pelo respeitável Dr. Bagão Félix, lembrou-me outros dois postais que eu escrevi há alguns meses sobre a mesma temática (o VAR, não a erecção fálica). E por isso parcialmente os repito na crença de que, apesar do ditado, esta voz chegue ao céu. Pois a matéria me é causa - repito, falo do VAR não do falo.

1. (No Delito de Opinião) Alerto para o anti-clímax que está a ser o vídeo-árbitro. Tecnologia que é preciosa, para reduzir erros e para combater a mariolagem arbitral. Mas cuja utilização trouxe uma vertente "tecnocrática", uma mania de "justiça" que de tão maximalista, pois milimétrica, não é ... justa. Eu gostaria de lhe chamar um justicialismo mas a palavra está usurpada por um outro sentido, histórico (o peronismo), do qual bem que podia ser libertada pois faz falta para coisas de hoje - até porque dizer (neste caso, condenar) um apotropismo, uma crença apotropaicista, não convenceria ninguém, mais que não seja devido à fonética. 

Feito intelectual da bola, julgo que para manter o entusiasmo do jogo e para preservar a boa tecnologia são precisas duas mudanças: uma alteração legislativa e uma diferente jurisprudência.

(No És a Nossa Fé) O VAR foi influente no jogo (Manchester City-Tottenham). O 5-3 nos descontos finais, a suprema reviravolta, é a festa do futebol, o apogeu da ideia de clímax na bola. E depois anulado pelo VAR, o cume do anti-clímax. Ora isso está a acontecer imensas vezes, e é óbvio que vem retirando brilho, paixão, ao jogo. O VAR é fundamental, é óbvio que reduz os erros dos árbitros e que é um grande instrumento contra a protecção aos grandes clubes e contra a corrupção - promovida pelos clubes e por essa relativa novidade das apostas desportivas privadas e avulsas. Mas ao quebrar o predomínio da paixão e da festa arrisca a tornar o jogo mais cinzento e, nisso, a ilegitimar-se. Assim as suas imensas capacidades tecnológicas de observação desumanizam o jogo. Ontem foi exemplo disso. Para que o VAR seja protegido dever-se-á pensar a aplicação das regras, refrear a tendência legalista que ele trouxe, uma verdadeira ditadura milimétrica promovida pela tecnologia. Urge regressar, e reforçá-las, a tradições na jurisprudência futebolística, pois humanizadoras, cuja relevância ontem foi demonstrada:

No fora-de-jogo há que recuperar o ideal da protecção do avançado em caso de dúvida na aplicação desta lei, de uma (muito) relativa indeterminação. Anda tudo a aplicar ilegalidades ínfimas, se o calcanhar de um está adiante ou não, se o nariz do avançado pencudo está à frente das narinas achatadas do defesa. Veja-se a imagem do tal 5-3, que beneficiaria o City: Aguero está em linha, de costas para a baliza tem apenas o rabo gordo à frente do defesa. Que interessa isso para o fluir do jogo? Urge recuperar essa ideia do "em linha", e permitir que o avançado esteja "ligeirissimamente" à frente do defesa: se confluem, relativamente, numa linha horizontal ... siga o jogo. Claro que depois se discutirá se o calcanhar dele estava ou não em linha com a biqueira do defesa. Mas serão muito menos as discussões. E haverá mais golos. E, acima de tudo, menos anulações diferidas. Donde haverá mais festa, mais alegria exultante. É esse o caminho para a defesa da tecnologia. E da paixão. Julgo eu, doutoral aqui no meu sofá.

6 comentários

Comentar post

{ Blogue fundado em 2012. }

Siga o blog por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

 

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D