Nunca baixar os braços, nunca desistir
Portimonense, 0 - Sporting, 1
Paulinho, golo 3 na Liga: tudo está bem quando acaba bem
Foto: Luís Forra / EPA
Quarta vitória consecutiva do Sporting - incluindo um desafio para a Liga Europa. Cinco vitórias em seis jogos disputados nesta segunda volta do campeonato. Terceiro triunfo seguido fora de casa na Liga 2022/2023.
Estamos no bom caminho? Parece que sim. Mais vale tarde do que nunca. Continuamos a perseguir o Braga para um lugar no pódio que pode permitir-nos o acesso à Liga dos Campeões. Objectivo difícil, mas longe de ser impossível. Basta que a turma minhota tropece duas vezes e nós saibamos superar todos os obstáculos ainda pela frente.
Este, no Algarve, revelou-se complicado. O resultado demonstra-o: 0-1. Num dos desafios em que até agora criámos mais oportunidades e fizemos mais de 20 remates, a bola teimava em não entrar. Pedro Gonçalves teve quatro vezes a hipótese de abrir o marcador - a mais flagrante das quais aos 42', num penálti a castigar falta cometida contra Nuno Santos. Mas por nervosismo, desconcentração ou algum excesso de confiança - vá lá saber-se - acabou por desperdiçar, mandando a bola para a bancada.
Em verdade se diga que foi ele também o mais batalhador dos nossos. Só uma exibição fenomenal do guarda-redes Nakamura lhe tirou o golo aos 17' e aos 51'. Aos 65', com pontaria a mais, fez a bola embater no poste.
Parecia ser uma daquelas partidas a que estamos habituados: grande caudal ofensivo que só empancava na finalização. Os nervos iam-se instalando no mau relvado do estádio de Portimão e fora dele, entre os adeptos que seguiam as jogadas à distância, observando-as no ecrã. Pedro Gonçalves, tantas vezes herói, começava a ser amaldiçoado como vilão, como é (mau) costume entre nós, ao passarmos do oito oitenta.
Acontece que foi ele precisamente a desatar o nó - num magnífico passe teleguiado para Paulinho a meter lá dentro, com toque artístico. Era o minuto 77': o avançado ex-Braga entrara dois minutos antes, rendendo Ugarte quando Rúben Amorim já apostava todas as fichas num ataque demolidor. Bastaram-lhe dois minutos para sacar os três pontos na primeira vez em que tocou na bola.
Novo herói leonino? Nem por sombras. Mas durante um par de semanas deixará de ser vilão.
Outros destaques nesta equipa?
Morita, sem dúvida, pelo que joga e faz jogar - articulando bem com Ugarte no meio-campo, mas superando o uruguaio na forma hábil como consegue pôr a bola sempre a circular para o local que pode gerar maior perigo para o adversário.
Nuno Santos, incansável a percorrer o corredor esquerdo municiando a frente de ataque.
E Diomande: desta vez como titular, confirmou mesmo ser reforço. Sólido a defender, exímio no passe longo. Construir com eficácia a partir de trás é com ele.
O central marfinense promete. E só tem 19 anos.
Objectivo cumprido num jogo em que o resultado foi muito lisonjeiro para o Portimonense: criámos oportunidades propícias a uma goleada. Tantas ou talvez mais do que no desafio da primeira mão, quando cilindrámos a equipa treinada por Paulo Sérgio por 4-0 no Estádio José Alvalade.
Lições a extrair? Nunca baixar os braços, nunca esmorecer, nunca desistir. Faltam onze jornadas, há 33 pontos em disputa, muita coisa ainda pode acontecer.
Tudo menos deitar a toalha ao chão. Alguns já fazem isso? Não admira: serão talvez os mesmos que já a tinham lá posto antes de o campeonato começar. E que haviam feito o mesmo no início da nossa gloriosa caminhada rumo ao inesquecível título 2020/2021.
Velhos do Restelo, com os catastrofismos de sempre. São daqueles que só apoiam quando um título é conquistado. Fazem pouca falta. Ou nenhuma.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Não teve grande ocasião para brilhar: o Portimonense esteve mais de uma hora sem fazer um remate. Mas quando foi preciso esteve atento. Duas boas intervenções aos 90'.
Diomande - Reforço de Inverno que já está a demonstrar utilidade. Permitiu devolver Gonçalo à esquerda da linha de centrais e mostrou-se seguro, atento e com precisão de passe.
Coates - Atravessa uma fase de menor frescura física. Algo lento a recuperar posições. Amarelado aos 33', Rúben Amorim mandou-o sair aos 60' para não correr risco disciplinar.
Gonçalo Inácio - Exibição regular, desta vez sem fazer a diferença na construção com passes de ruptura. Teve duas hesitações prontamente emendadas pelos colegas.
Esgaio - Novamente titular: Bellerín talvez tenha sido poupado a pensar no Arsenal, nesta quinta-feira. Actuou mais em zonas interiores, como terceiro médio. Sem deslumbrar.
Ugarte - Regressou após um jogo de castigo. Um pouco menos eficaz nas recuperações do que já nos habituou. Tentou visar a baliza de meia-distância, mas continua sem fazer golos.
Morita - Muito útil, na ligação entre o meio-campo e o ataque e a funcionar como primeiro tampão contra as incursões ofensivas da turma algarvia. Esteve quase a marcar aos 17'.
Nuno Santos - Um dos mais dinâmicos, um dos mais inconformados com o zero-a-zero. Muitos cruzamentos para a grande área, rasteiros ou por alto. Foi sempre tentando municiar o ataque.
Edwards - Costuma ser desequilibrador, mas desta vez esteve longe do brilhantismo de outros jogos. Pecou por excesso de individualismo em vários lances. Falhou emenda para golo (32').
Pedro Gonçalves - Esteve no pior (falhou penálti) e no melhor (uma assistência, uma bola ao poste, dois remates com selo de golo muito bem defendidos por Nakamura). Digno de elogio.
Chermiti - Muito móvel na área, deu grande trabalho aos defesas mas revelou-se inconsequente nas acções de finalização. Precisa de mais jogos para robustecer a confiança.
Matheus Reis - Substituiu Coates aos 60', passando Gonçalo para o eixo da defesa. Combinou bem com Nuno Santos nas acções ofensivas do corredor esquerdo.
Paulinho - Rendeu Ugarte aos 75' e dois minutos depois marcava o golo que nos garantiu três pontos em lance de belo efeito. Terceira vez em que surge como artilheiro na Liga 2022/2023.
Trincão - Em campo desde os 85', substituindo Edwards. Tentou repetir o grande slalom que na partida anterior lhe rendeu um dos mais vistosos golos deste campeonato. Agora sem sucesso.
St. Juste - Substituiu Nuno Santos aos 85'. Quando a palavra de ordem era já reter a bola, congelar o ataque e privilegiar a garantia dos três pontos robustecendo a defesa. Cumpriu.