Nós, há dez anos
João Paulo Palha: «Já começa a ser cansativo. Hoje foi Luís Freitas Lobo. A certa altura do jogo entre a Costa Rica e a Holanda, foi assinalada uma falta contra a primeira, em virtude de um seu jogador ter tocado com a mão na bola, num lance de ataque da equipa. Freitas Lobo disse logo que pensava que sim, que a decisão era correcta, embora, fez o favor de nos ensinar a imaginária regra, o toque da mão na bola não fosse voluntário. Acho extraordinário que os jornalistas e comentadores de futebol se estejam completamente nas tintas para o conhecimento das leis do jogo.»
José Navarro de Andrade: «Um braço como uma viga, apenas um braço, erguido no instante preciso, medido ao centésimo de segundo, um braço a prolongar um corpo que toda uma vida ensinou a posicionar no ângulo certo, foi o suficiente para Manuel Neuer deflectir um torpedo de Benzema. Se fosse pintura seria um desenho de Agnes Martin, se fosse música seria uma peça de Philip Glass, mas foi apenas a melhor defesa deste Mundial – e não faltaria por onde escolher.»
Rui Cerdeira Branco: «Hoje assistimos àquilo que me parece o cúmulo da aberração. À aberração - dificilmente evitável - de termos os campeonatos com três jornadas em pleno mês de agosto - O mês de férias - junta-se que o critério discutível dos condicionalismos no sorteio não ser ao menos suficientemente competente para impedir que algum dos jogos com maior potencial para receita financeira na competição se possa realizar, precisamente, em agosto. E assim o benfas - Sporting se jogará provavelmente entre 30 de agosto e 1 de setembro. Antes um benfas - Sporting do que um Sporting - benfas, digo eu, mas da perspetiva do negócio, tudo isto me parece muito pouco esperto.»
Eu: «Quando se percebeu que o apuramento só seria resolvido com a marcação de penáltis, o seleccionador holandês, Van Gaal, tomou uma decisão que fez os puristas da bola abrir a boca de espanto: mandou sair o guarda-redes titular, Cillessen, fazendo entrar o suplente Krul só para defender as penalidades. Um aposta de alto risco que se revelou certeira: Krul defendeu os remates de Bryan Ruiz e Umaña, o que bastou para qualificar a Holanda. Na meia-final de quarta-feira os holandeses terão de defrontar uma selecção argentina que se desgastou muito menos na eliminatória que lhe coube. Em futebol de alta competição, sobretudo quando é disputado sob a temperatura a que tem decorrido este Mundial do Brasil, estes pormenores contam muito. Messi e companheiros têm motivos para sorrir.»