Nós, há dez anos
Luciano Amaral: «Lampiões, precisamos da vossa vitória hoje sobre o Porto para sermos campeões de andebol - para quem não sabe, está aqui explicado. Vocês estão em quarto e do terceiro não passam. Eh pá, mas ganhar ao Porto é uma coisa do caraças, hã? Vá lá, rebentem com os andrades!»
Eu: «O sortilégio do futebol ficou hoje bem patente na final da Liga dos Campeões que trouxe largas dezenas de milhares de espanhóis a Lisboa. Num fragmento de segundo todos os sonhos se tornam possíveis. Num fragmento de segundo todos os sonhos começam a ruir. Que o digam os colchoneros: num jogo que estava a ser muito táctico, com as equipas a medirem-se e as defesas a imperar sobre as frentes atacantes, ganharam vantagem aos 36' graças a um erro infantil de Iker Casillas, que muitos consideram o melhor guarda-redes do mundo. Pode sê-lo entre os postes, mas a verdade é que causa calafrios aos colegas do Real Madrid cada vez que abandona o seu reduto. Três passos que já não pôde recuperar, nem sequer correndo o risco de quebrar os rins, puseram o Atlético em vantagem. Nem o autor do golo, Godín, parecia acreditar neste inesperado brinde oferecido pelo guardião rival. Que o digam os merengues: quando o sonho de alcançarem a décima taça referente à equipa campeã da Europa parecia já uma miragem, no terceiro minuto de prolongamento do desafio da Luz, que perdiam por 0-1, surgiu um lance de inconformismo e raiva protagonizado por um defesa apostado em sagrar-se o melhor entre os melhores. Sergio Ramos, que numa enérgica cabeçada, elevando-se acima de qualquer outro, ressuscitou a sua equipa e culminou assim uma temporada digna de figurar em qualquer antologia do futebol.»