Nós, há dez anos
Alexandre Poço: «Genialidade nos pormenores a brindar aquele que na minha opinião foi o melhor jogo que fez com as nossas cores.»
Edmundo Gonçalves: «A manta é curta, todos sabemos, portanto não podemos exigir mais que aquilo que nos prometeram no início da época: lutar em todos os jogos e honrar a camisola listada; e isso, uma vezes melhor, outras pior, eles fazem! Já aqui escrevi que, sem ser masoquista, me dá muito gozo ver a equipa a virar resultados! Por exemplo, hoje quando o Braga "marcou", o meu sentimento no estádio (e o de muitos milhares) foi que a equipa iria dar a volta à coisa. E deu! Não questiono aqui exibições. Umas foram conseguidas, outras não, mas o que me ficou na retina foi o enorme abraço entre Maurício e Rojo, depois de Slimani mandar aquele "coice" lá para dentro. Isto é o que eu quero fazer realçar, não a menos conseguida exibição de Martins, ou de Magrão, ou até de Jefferson, apesar do golo mais que merecido por outros grandes jogos já realizados.»
Filipe Arede Nunes: «Carrillo é o mais talentoso dos jogadores do plantel do Sporting. Rápido, ágil, desconcertante e com uma capacidade técnica muito acima da média. Ontem, em mais uma dezena de momentos, Carrillo foi tudo isto. O que desequilibra, o dínamo, a flecha apontada à baliza. Noutros momentos Carrillo parece desligar-se do jogo. Displicente no passe curto, imóvel, sem velocidade e objectividade. Há vários anos que tenho as mesmas conversas com a malta na minha bancada e fico sempre com a sensação que nós (sportinguistas) não lhe conseguimos perdoar a imensidão de talento que ele tem. Como não somos capazes de o fazer, Carrillo é o jogador mais incompreendido de Alvalade, o primeiro alvo de assobios, o tipo que quando sai do jogo nos deixa satisfeitos.»
José Manuel Barroso: «Telúricas, como o devem ser sempre, no apoio à equipa. Exemplo, também, de raça e de fé. Sporting 2 - Braga 1 - as claques e os adeptos a ajudar. Mas vergonhoso o comportamento delas, na homenagem a Mário Coluna. Não foi nosso jogador? Não foi. Mas foi um grande jogador, capitão da seleção nacional, e o fair-play tem de fazer parte também do nosso ADN. Bruno de Carvalho deu um exemplo disso, ao ir à cerimónia fúnebre de Eusébio. As claques é que não estiveram, desta vez, à altura do SCP e envergonharam o clube. Lamentável exemplo.»
Luciano Amaral: «Tempo horrível em Alvalade, 1-0 ao intervalo, o meu filho mais novo afundado na cadeira, chateado que nem um peru, eu a tentar explicar-lhe que já passei por muito pior. Percebi pouco do jogo de ontem: não consegui perceber se jogámos como “Plano A” ou com o “Plano B”; pareceu-me mais uma espécie de “Plano BA”, i.e. uma mistura do B e do A, com Magrão a fazer as vezes não se sabe bem de quem, o que acabou por resultar numa espécie de ausência de plano. Não dá para mais. Quando faltam dois dos titulares, é preciso rapar o fundo ao tacho. Correu mal com o Benfica, correu bem com o Braga. No meio de tanta coisa incompreensível sobrou o William. Ontem, de cada vez que via a bola ir ter aos pés dele, descansava da nervoseira por uns segundos. Não sei muito bem como é que ele faz aquilo. Também é incompreensível, na verdade, mas de outra maneira. O resto foi o triunfo da vontade.»
Pedro Oliveira: «A arbitragem foi tendenciosa desde o início do jogo (Fejsa comete, sete, sete faltas para cartão amarelo e vê um) passando pelo lance do golo anulado, inacreditável, três jogadores do clube da freguesia de Carnide colocam o avançado português do clube da praia dos Descobrimentos em jogo, mas a "arbitragem" descobre-o em "fora-de-jogo"... mas o pior, o pior de tudo foi o jogo acabar com o clube do fumo e dos calções negros desposicionado, com o Belém a atacar com os nove jogadores de campo e com o árbitro a apitar no momento exato (exacto, Pedro Correia) em que no lado esquerdo da minha TV dizia [90+4 (03.55)] trocando por miúdos, o jogo não acabou, foi acabado pelo árbitro (numa altura em que era iminente o golo d' Os Belenenses) cinco segundos antes.»
Eu: «Em 15 de Dezembro, o jornal A Bola rasgava as vestes com uma manchete indignadíssima, no rescaldo da vitória do Sporting ao Belenenses por 3-0 devido a um penálti inexistente assinalado a favor da nossa equipa pelo árbitro Hugo Pacheco. "Pecado original" - rezava o inflamado título a ocupar quase toda a capa dessa edição do diário mais encarnado de Portugal. O mesmo jornal que um mês antes, perante os gravíssimos erros de arbitragem de Duarte Gomes no Benfica-Sporting para a Taça de Portugal que tiveram influência directa no desfecho da partida, nem proferira um murmúrio contra esse atentado de lesa-futebol.»